quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Bancos querem distinguir cidadãos no atendimento





Qua, 17 de Agosto de 2011 14:56

Durante audiência pública realizada na Câmara dos Deputados, em Brasília, ficou clara a discriminação e com anuência do BC

Brasília - A segregação dos clientes mais pobres e sua transferência para atendimento nos correspondentes bancários é um fato. E a anuência do Banco Central a essa prática dos bancos ficou evidente em audiência pública realizada nesta terça-feira 16, na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, em Brasília.
Representantes dos trabalhadores (Contraf-CUT) , da federação dos bancos, do Banco Central e do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça, foram convidados para debater o Projeto de Decreto Legislativo 314/2011, do deputado federal Ricardo Berzoini (PT/SP), que visa suspender os efeitos de resoluções do BC que ampliaram a atuação dos correspondentes bancários.
As exposições de Gerson Gomes da Costa, da federação dos bancos, e de Sérgio Odilon dos Anjos, do Banco Central, deixaram claro que o papel do correspondente bancário foi além daquele pensado na década de 1970, quando foi criado. Deixou de ser um mecanismo para atender localidades onde os serviços bancários não chegavam. Na opinião dos bancários, passou a ser uma forma de precarização do serviço e um mecanismo para retirar das agências os clientes de baixa renda.
“Ficou claro que para a Fenaban agência bancária não é lugar de pobre. E essa discriminação é apoiada pelo Banco Central. Os bancos estão usando o correspondente para reduzir custos com o apoio do BC, extrapolando sua competência ao legislar sobre relações trabalhistas”, afirmou o Sindicato.
“Os números mostram que há mais correspondentes onde estão as agências bancárias e não em locais desassistidos. E isso só reforça que os bancos querem segmentar o atendimento bancário. Não atendem às classes C e D para economizar”, completa o sindicato.
O deputado Berzoini criticou a instalação de correspondentes a 50, 60 metros de agências bancárias, que promovem a distinção de parte do público. “A igualdade de atendimento tem de ser garantida.”
A audiência contou com a participação de centenas de trabalhadores do setor financeiro. Para o presidente da Contraf/CUT, Carlos Cordeiro, os correspondentes não devem ser extintos, mas transformados em postos de atendimento bancário. “Todos têm direito a ser atendidos com segurança e qualidade.”

Gestantes do Santander optam pela licença maternidade de 180 dias



Quase a totalidade das bancárias gestantes do Santander aderiu à licença-maternidade de seis meses, conquistada após 15 dias de greve da categoria na Campanha Nacional de 2009. A informação foi divulgada durante a reunião do Fórum de Saúde e Condições de Trabalho, realizada na última sexta-feira, dia 12, em São Paulo.
"Esses números comprovam, na prática, a importância dessa conquista, principalmente, das mulheres bancárias. E isso só foi possível com intensa mobilização", lembra o diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Marcelo Gonçalves, destacando, no entanto, que causa curiosidade que 7% das gestantes tenham optado apenas pelo período de quatro meses.
"Na próxima reunião vamos questionar o RH para saber o que ocorreu nesses casos. Também já solicitamos os números sobre adesão à cláusula que trata do horário para amamentação e que permite dez dias de licença para a mãe ou ao pai. O objetivo é acompanhar a utilização destes direitos e aprimorá-los, focando na divulgação dessa conquista".
Apresentação de programas
O banco fez uma exposição sobre o PAPE (Programa de Apoio Pessoal Especializado), oferecido pela instituição. O programa recebeu 3,5 mil ligações, solicitando atendimento em diversas áreas, como jurídica, assistência social, nutrição, apoio psicológico entre outros.
A área de recursos humanos expôs também os programas de gestantes, da sala de aleitamento materno, do blog de saúde e do programa antitabagismo. Todos estão disponíveis na intranet e serão detalhados na ata a ser publicada.
"Avaliamos positivamente estes programas implementados pela empresa. Mas ressaltamos a reivindicação da participação dos trabalhadores nas suas elaborações. O movimento sindical quer interagir através de idéias, críticas e com acesso a mais dados e informações, visando contribuir para o seu aprimoramento e garantindo uma ampla divulgação", destacou o diretor da Fetec/CUT-SP, Roberto Paulino.
Direitos, não liberalidades
Na reunião, que durou quatro horas, o momento mais tenso foi a discussão sobre informações e restrições impostas à Ajuda Social Extraordinária, que oferecia subsídio a despesas para tratamentos médicos não cobertos pelo convênio e psicoterapias, e que o banco tem dificultado o acesso. Quem realiza tratamentos há algum tempo pode ter de interrompê-lo bruscamente, devido à redução dos reembolsos.
"O banco tem asfixiado essa ajuda social, colocando limites no valor do reembolso das consultas dos tratamentos e terapias, sem diálogo sobre a mudança da política. Esse é o risco por ser uma liberalidade da empresa. Ela a muda unilateralmente, sem negociação com os funcionários", critica Paulino. "Por isso é importante que essas ações deixem de ser 'liberalidade' e se tornem direitos dos trabalhadores. Esse é o nosso objetivo e a nossa luta."
Reembolso para academia
Também foi apresentado o programa Academia de Ginástica. Os dirigentes sindicais manifestaram, mais uma vez, apoio à iniciativa, mas questionaram os valores de reembolso (50% da mensalidade, limitados a R$ 60 por mês) que estão defasados há mais de três anos. A luta aqui também é para transformar esta outra liberalidade em direito, e que o reembolso da academia passe a integrar o contrato coletivo de trabalho no Santander.
Também foram discutidos os procedimentos para os exames periódicos e demissionais. No periódico foi consenso que o médico do trabalho irá sempre incluir no prontuário o relato do funcionário sobre suas dores e sintomas. Também será fornecido um receituário ao trabalhador que indique suas limitações, para que seu gestor tenha conhecimento.
Na realização do exame demissional, os sindicalistas questionaram a postura de médicos e clínicas credenciadas. "Há muitos relatos em que profissionais contratados pelo banco desconsideram o histórico clínico do funcionário, suas limitações e sintomas e a opinião do médico assistente, não ouvindo nem examinando o trabalhador", afirma a diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Vera Marchioni. "Esses médicos contratados não têm autonomia para fazer exames demissionais. Estão contratados apenas para dar 'apto' e isto é o que precisa mudar", conclui.
Convênio Saúde
Os dirigentes sindicais cobraram a abertura de opção na intranet para alteração da cobertura ou tipo de plano. O banco garantiu que essa opção estará disponível ainda neste segundo semestre.
Cipeiros
Sobre a convocação dos cipeiros, os dirigentes sindicais reiteraram que o banco cumpra o que diz a cláusula 26ª do aditivo. Pela terceira vez o banco não garantiu a participação de um cipeiro por CIPA.
Para a próxima reunião estão previstas a continuidade da apresentação sobre os programas e as políticas de saúde do banco, discussões sobre temas como acesso às informações sobre afastados e adoecidos, os relatórios consolidados do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e Programa Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), entre outras informações.
"É preciso que essas reuniões tenham resultados concretos. Para isso, o trabalhador também deve participar, cobrando mudanças reais nas condições de trabalho", reforçou Marcelo.
O Fórum de Saúde deverá acontecer junto com a entrega ao banco da pauta de reivindicações específicas para a renovação do acordo aditivo do Santander à convenção coletiva dos bancários.
Garantido no aditivo do Santander, o Fórum de Saúde é composto por dirigentes sindicais, cipeiros eleitos e representantes do banco