Paralisação
dos bancários é um direito e uma consequência da
falta de proposta dos bancos. Entenda por quê.
Os
bancários decidiram, em assembleia realizada na quarta-feira 12, paralisar as
atividades a partir de 18 de setembro para cobrar dos bancos proposta que atenda
às reivindicações da categoria. Aumento real para os salários, PLR, auxílios e
piso maiores, mais contratações para reduzir a sobrecarga e melhorar as
condições de trabalho.
A
pauta foi entregue à federação dos bancos (Fenaban) em 1º de agosto e a primeira
rodada de negociação aconteceu uma semana depois, no dia 7. Após um mês e alguns
poucos avanços – como o pagamento de salários dos afastados até a perícia do
INSS e o projeto piloto de segurança bancária –, a Fenaban apresentou proposta
econômica de 6% de reajuste para salários e verbas. O aumento real de apenas
0,58% (para inflação de 5,39%) foi prontamente rejeitado pelo Comando Nacional
dos Bancários. Os trabalhadores insistiram, mas os bancos não apresentaram nova
proposta, levando a categoria à greve.
“Paralisar
as atividades é um direito dos trabalhadores diante da falta de proposta que
atenda às reivindicações da categoria. Nossa união e mobilização é a principal
estratégia para garantir avanços na campanha. Participe!”, convoca o Sindicato.
Aumento
real de 5%
Aumento
real de 5% foi a reivindicação definida em conferências estaduais e na nacional,
votada por delegados bancários de todo o Brasil no mês de julho. A proposta da
Fenaban de 0,58% foi considerada insuficiente pela categoria e rejeitada em
assembleias de rua realizadas no Dia Nacional de Luta, em 3 de setembro. Os
argumentos dos bancários são muitos. Somente os sete maiores bancos do país
lucraram quase R$ 26 bi no primeiro semestre e podem pagar
mais.
PLR
maior
Para
tornar mais justa e transparente a distribuição dos lucros, os bancários querem
receber três salários mais R$ 4.961,25 a título de PLR. A cada ano os bancos
aumentam seus lucros, mas reduzem a porcentagem do lucro líquido que pagam de
PLR aos seus funcionários. Em 1995, os maiores privados distribuíam 14% do LL
como PLR. Mas em 2011 o número já havia caído para 6%.
Se
mantida a regra atual conforme proposta dos bancos, este ano grande parte dos
bancários deve receber PLR menor que a de 2011. Um dos responsáveis é o aumento
de em média 30% no provisionamento para devedores duvidosos (PDD) dos bancos. A
ampliação das metas também pode ser responsável por perdas nos programas
próprios. No Itaú, muitos bancários não receberão o Agir e no mesmo deve
acontecer com o PPR do HSBC.
Valorização
do piso salarial
O
piso dos bancários está em R$ 1.400. Apesar da valorização conquistada nas
últimas campanhas nacionais da categoria, o valor ainda é baixo e a categoria
reivindica que chegue aos R$ 2.416,38, valor considerado pelo Dieese o salário
mínimo necessário. Os bancos, no entanto, propõem os mesmos 6% para o reajuste
do piso salarial dos bancários, que querem mais
valorização.
Para
os executivos tem
Enquanto
negam aumento real para funcionários, os bancos não economizam com a remuneração
dos executivos. O montante total destinado ao pagamento desses profissionais
subiu 9,7% este ano, elevando ainda mais os altos ganhos. No Itaú cada um recebe
R$ 8,3 milhões. São R$ 6,2 milhões para cada no Santander. No Bradesco eles
recebem R$ 4,4 milhões cada. E R$ 1 milhão para cada um dos diretores do BB. A
remuneração total dos diretores desses quatro bancos, que inclui as parcelas
fixas, variáveis e ganhos com ações, soma este ano R$ 920,7 milhões, contra R$
R$ 839 milhões pagos em 2011.
Vales
e auxílio mais altos
Quem
come fora, sabe. O vale-refeição já não dá para pagar o valor total e os
trabalhadores chegam ao fim do mês tendo de colocar dinheiro do próprio bolso
para almoçar. No supermercado é a mesma coisa. A inflação de alimentos foi a que
mais subiu e por isso os bancários reivindicam que os vales refeição e
alimentação passem para R$ 622. O mesmo valor é reivindicado para o
auxílio-creche, a 13ª cesta-alimentação e para novas conquistas que os bancários
querem ver pagas a partir deste ano: o 13º vale-refeição.
Sobrecarga
que cansa
Os
bancos contratam pouco para a demanda que têm. O resultado disso são
trabalhadores cada vez mais estressados, pressionados por serviço demais para
bancários de menos. Para dar uma ideia, do agravamento desse quadro, em 1996
cada bancário era responsável por 83 contas correntes. Em 2010, cada um já tinha
de cuidar de 292 contas. O trabalho aumentou 253%, mas o número de trabalhadores
na categoria é praticamente o mesmo.
Ou
seja, é preciso contratar mais, gerar novos postos de trabalho e acabar com
demissões imotivadas (respeito à Convenção 158 da OIT), rotatividade e
terceirizações. Os bancários querem, ainda, respeito à jornada de seis horas,
fim das metas abusivas e do assédio moral.