terça-feira, 28 de agosto de 2012

Comando considera 6% insuficiente. Negociação continua nesta quarta

  
Crédito: Jailton Garcia
Jailton GarciaO Comando Nacional dos Bancários considera insuficiente a proposta apresentada nesta terça-feira (28) pela Fenaban, que prevê 6% de reajuste (aumento real de cerca de 0,7%) para todas as verbas salariais, inclusive PLR, além de avanços em relação à saúde, à segurança bancária e à igualdade de oportunidades. As negociações sobre remuneração continuam nesta quarta-feira (29), às 10h, em São Paulo. Na quinta-feira, terão continuidade as discussões sobre saúde do trabalhador e condições de trabalho, como o combate ao assédio moral.

"A proposta dos bancos contém avanços nos temas de saúde e condições de trabalho, segurança bancária e igualdade de oportunidades, mas é insuficiente em relação ao índice de reajuste, ao piso e à PLR, e nada propõe sobre emprego", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional. "Setores da economia menos dinâmicos que o sistema financeiro estão fazendo acordos com aumentos acima da inflação muito maiores do que a proposta dos bancos. Também consideramos imprescindível que sejam contempladas nossas reivindicações de garantia de emprego, de melhoria da PLR e de valorização do piso salarial." 

Em relação ao emprego, a Fenaban disse que o tema não deve ser incluído na Convenção Coletiva dos Bancários, devendo ser tratado por meio de acordos banco a banco. Assim, a Contraf-CUT enviará nesta quarta-feira carta aos seis grandes bancos nacionais (BB, Itaú, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC), que empregam mais de 90% da categoria, para cobrar negociações específicas sobre emprego. Os bancários querem mais contratações, fim da rotatividade, proteção contra demissões imotivadas e cumprimento da jornada de 6 horas, entre outras.

Combate ao assédio moral

Os bancos aceitaram a reivindicação dos bancários de rediscutir o instrumento de combate ao assédio moral previsto na Convenção Coletiva com adesão espontânea para bancos e sindicatos. Para os bancários, esse instrumento precisa ser avaliado, porque é insuficiente e precisa de ajustes. 

O tema será discutido nesta quinta-feira entre o Comando Nacional 
dos Bancários e a Fenaban, com a participação de técnicos em saúde dos dois lados.

Programa de Reabilitação Profissional

Também vai a discussão nesta quinta-feira o Programa de Reabilitação Profissional (PRP). O Comando Nacional questionou os bancos sobre a razão pela qual nenhum deles aderiu ainda ao programa, que está desde 2009 na Convenção Coletiva. Pelo acordo, cuja implementação é opcional, os bancos devem instituir programas de reabilitação, visando assegurar condições para a manutenção ou a reinserção ao trabalho do bancário com diagnóstico de adoecimento, de origem ocupacional ou não.

O que está acontecendo na prática é que a grande maioria dos trabalhadores, ao retornarem ao trabalho depois de um determinado período de afastamento, é recolocada no mesmo posto de trabalho que o adoeceu, sem nenhuma mudança nas condições e no ritmo de trabalho.

A Fenaban disse que os bancos estão rediscutindo o assunto e apresentarão uma posição sobre a adesão ainda durante o processo de negociação da campanha.

Garantia de salário para bancários afastados

Também continuam nesta quinta as discussões sobre garantia de salário do bancário no período entre ele receber alta programada do INSS e ser considerado inapto pelo médico do trabalho dos bancos quando do retorno ao trabalho, em que ele fica hoje sem salário. A Fenaban disse que os bancos aceitam pagar o salário durante esse período, assim como nos casos de afastamento entre a licença-médica e a realização da perícia.

Também prosseguem na mesma reunião os debates sobre as Sipats. A reivindicação dos bancários é que os bancos informem os sindicatos, com prazo mínimo de 30 dias antes da realização da Sipat, a data, o tema e o local de realização.

Projeto-piloto para segurança bancária

Os bancos aceitaram a proposta do Comando Nacional de instituir um projeto-piloto conjunto para testar medidas de prevenção contra assaltos e sequestros e melhorar a segurança das agências. Eles propõem escolher uma grande cidade, definir um grupo de trabalho com especialistas em segurança e representantes do Comando Nacional e da Fenaban.

A 3ª Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos, elaborada pela Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) e Contraf-CUT, com apoio técnico do Dieese, revelou que as ocorrências cresceram 50,48% no primeiro semestre de 2012 e atingiram 1.261 casos em todo país, uma média assustadora de 6,92 por dia. Desses, 377 foram assaltos (inclusive com sequestro de bancários e vigilantes), consumados ou não, e 884 arrombamentos de agências, postos de atendimento e caixas eletrônicos. No mesmo período do ano passado, foram registrados 838 casos, sendo 301 assaltos e 537 arrombamentos.

Os representantes dos bancários também lembraram que já houve 27 assassinatos em assaltos envolvendo bancos, na sua maioria em "saidinhas" de banco, no primeiro semestre de 2012. Em todo ano passado foram 49 mortes.

Para combater essa insegurança, o Comando Nacional defende a proibição da guarda das chaves e acionadores de alarmes para evitar sequestros, fim do transporte de numerário por bancários, instalação de equipamentos de prevenção contra assaltos e sequestros (porta de segurança, câmeras de monitoramento, biombos, vidros blindados, entre outros), além de estabilidade ao empregado vítima desse tipo de violência.

Igualdade de oportunidades

A Fenaban também concordou com a proposta do Comando Nacional de realizar um novo censo na categoria bancária para avaliar se as medidas em defesa da igualdade de oportunidades, contidas nos planos de ação dos bancos após a divulgação do Mapa da Diversidade, estão produzindo resultados. 

Pela proposta dos bancos, o novo censo será planejado em 2013 e aplicado no início de 2014. 

O Comando mostrou aos bancos que os planos de ação que os bancos instituíram unilateralmente não estão produzindo efeitos positivos, uma vez que não há negros nas agências nem programas de encarreiramento das mulheres com critérios objetivos, que evitem discriminações. 



Fonte: Contraf-CUT

PROPOSTA PATRONAL É DE 6%.

Estamos no aguardo de maiores informações para repassar com clareza aos colegas de trabalho a contra proposta feita pelos banqueiros de 6%.
Temos ainda muita coisa a ser discutida, como o emprego e a rotatividade na categoria.
Esta oferta não contempla nossas expectativas e sinaliza com o prosseguimento das discussões ainda nos dia de hoje, 29 e 30.
As partes ainda estão reunidas, dando mostra de seriedade nas discussões. 

Com truque das provisões, bancos escondem lucro para reduzir a PLR

  
Os seis maiores bancos do sistema financeiro nacional registraram em seus balanços lucro líquido conjunto de R$ 25,2 bilhões no primeiro semestre de 2012. E debitaram como provisões para devedores duvidosos (PDD) R$ 39,15 bilhões - 64,3% a mais que o lucro líquido.

O aumento das PDDs variou de 22,2% (Caixa) a 63,43% (HSBC), enquanto o índice de inadimplência do sistema financeiro como um todo no período, segundo o Banco Central, subiu apenas 0,7 pontos percentuais na média. 

Veja na tabela abaixo:

Resultados dos seis maiores bancos no 1º semestre de 2012

Lucro líquido (R$)
Provisões para devedores duvidosos (PDD), em R$
 Evolução das PDDs (*)
Variação da inadimplência (*)
Itaú
7,1 bilhões (recorrente)
12,02 bilhões
+26,7%
1,0 p.p.
Banco do Brasil
5,7 bilhões (ajustado)
6,93 bi
+26,58%
0,1 p.p.
Bradesco
5,7 bilhões
(ajustado)
6,95 bi
+33,14%
0,5 p.p.
Caixa
2,8 bilhões
3,64 bi
+22,2%
0,0 p.p.
Santander
3,2 bilhões (IRFS)
7,8 bi
+36,15%
0,6 p.p.
HSBC
602 milhões
1,81 bi
+63,43%
1,2 p.p.
Total
25,2 bilhões
39,15 bilhões


(*) Comparação com o primeiro semestre de 2011.
Fonte: Demonstrações financeiras dos bancos. Elaboração: Dieese - Rede Bancários


"Sempre soubemos que a maquiagem dos balanços é um velho truque dos bancos para esconder seus lucros, mas isso nunca ficou tão claro como agora. As instituições financeiras cumprem vários objetivos com essa mágica e um deles é reduzir a PLR dos bancários. Na campanha nacional deste ano, queremos discutir essa questão a sério", adverte Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários. 

Além de tirar PLR dos trabalhadores, com a maquiagem dos balanços para reduzir contabilmente o lucro, os bancos tentam justificar a contenção da oferta de crédito e a manutenção das maiores taxas de juros, spreads e tarifas do mundo. "É uma chantagem do sistema financeiro para com a sociedade brasileira", critica Cordeiro. 

O Comando Nacional defende outra fórmula de distribuição da PLR, propondo três salários mais uma parcela fixa de R$ 4.961,25. Uma regra simples e mais justa.

Além das mudanças de critérios frequentes que os bancos fazem nos balanços, este ano ainda se soma o superdimensionamento das provisões para devedores duvidosos. "Se seguirmos o modelo atual, em muitas instituições os bancários receberão PLR menor que no ano passado, apesar de os lucros terem aumentado. Queremos também discutir as PDDs", avisa o presidente da Contraf-CUT.

Os bancos reconheceram que a atual fórmula é complexa e "diabólica" e que um modelo simples seria melhor, mas salientaram que não pretendem mudar neste momento as atuais regras da PLR.

"Os bancários, principais responsáveis pelos lucros dos bancos, não podem ser prejudicados, enquanto os altos executivos recebem bônus milionários. Quem produziu todos esses resultados gigantescos precisa ser valorizado com uma boa PLR, além de uma proposta global decente que atenda às reivindicações da categoria", conclui Cordeiro.


Fonte: Contraf-CUT

Descomissionamentos arbitrários e assédio moral: marcas da gestão no BB.


No Boletim Pessoal 50, publicado nesta terça-feira 28, no Blog Negociação Coletiva BB, o Banco do Brasil nega a ocorrência de descomissionamentos arbitrários e práticas de assédio moral no interior da instituição.
Conforme texto assinado pelo Diretor de Relações com Funcionários e Entidades Patrocinadas, Carlos Eduardo Leal Neri, neste ano, o banco teria descomissionado 240 funcionários por interesse do serviço, sendo 102 decorrentes de ação disciplinar e os outros 138 por ato de gestão (0,21%). Números que, segundo o boletim, seriam equivalentes aos de anos anteriores e irrisórios frente às 8.325 ascensões profissionais realizadas no 1º semestre de 2012.
Os argumentos, no entanto, não coincidem com a realidade vivida pelos funcionários em seus locais de trabalho. Embora, não seja possível constatar a veracidade dos números, são muitas as denúncias de bancários que estão sendo descomissionados pelo não cumprimento das metas abusivas.
O que se tem visto é uma gestão focada no medo e no curto prazo e com desrespeitos às regras do GDP (Gestão de Desempenho Profissional), o qual estabelece três avaliações negativas sucessivas para qualquer descomissionamento.
Até os gerentes gerais já estão sob ameaças de descomissionamentos pelo não cumprimento da etapa Ouro do Sinergia BB, programa de metas lançado no início de 2012, com foco em ranking individual.
Como se não bastasse tudo isso, o BB ainda passa por cima do TAO, banco de talentos e de oportunidades para remanejamento de cargos. Em outras palavras, os funcionários inscritos estão sendo preteridos em prol de protegidos das chefias e gerências, ironicamente chamados de o TAL do indicado.
“Como consequência desse modelo de gestão, estão surgindo fraudes contra o consumidor, a exemplo das denúncias já veiculadas na grande imprensa, como os empréstimos creditados em contas correntes no Acre, no final de 2011, e renovações de pacotes de serviços sem a devida autorização de correntistas em Araraquara, Atibaia, São Paulo e Minas Gerais, onde foi instaurada auditoria interna, resultando em descomissionamentos sem que fosse apontada a origem do problema”, relata Cláudio Luis, diretor de Bancos Federais da FETEC-CUT/SP. 
Para ocorrências como essas, assim como as práticas de assédio moral, o banco alega tratarem-se de casos isolados de desvios individuais de conduta funcional, para os quais está sendo dado efetivo tratamento. “O problema, no entanto, é institucional. Não adianta punir quem está na ponta da linha sem que seja revisto todo o modelo de gestão da empresa. As metas vêm de cima e a instituição faz vistas grossas sobre as formas de cumprimento. É um modelo que precisa mudar”, avisa Cláudio Luis.

Fonte: Seeb-SP - Lucimar Cruz Beraldo

FESTA DOS BANCÁRIOS - 25.08.2012