Fenaban apresenta proposta no
dia 5 de setembro
Na terceira rodada de negociação,
bancos mantiveram intransigência e não apresentaram proposta sobre remuneração
O
Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban se reuniram nesta segunda e terça,
dias 26 e 27 de agosto, em São Paulo, para a terceira rodada de negociação da
Campanha 2013; em discussão as cláusulas econômicas. Entre as propostas
apresentadas pelos representantes dos bancários estão 5% de aumento real e
reposição da inflação do período, valorização do piso, Plano de Cargos e
Salários (PCS), adiantamento do 13º, salário do substituto, vale-cultura e PLR
de três salários mais a parcela adicional fixa de R$ 5.553,15.
A
Fenaban não fez uma contraproposta, mas informou que irá levar as demandas para
as instituições financeiras e que apresenta ‘proposta global’, isto é, que
contemple a pauta geral de reivindicações dos trabalhadores, na próxima
quinta-feira, 5 de setembro, às 14h.
Conjuntura do sistema financeiro
Na
abertura da rodada nesta segunda-feira, o Comando Nacional fez uma rápida
análise de conjuntura do sistema financeiro, apresentando dados e fazendo
avaliação sobre os lucros crescentes das instituições, a rentabilidade, a
evolução do emprego e dos salários e a concentração de renda no setor, que é ainda
maior que no resto da sociedade. Os seis maiores bancos (BB, Itaú, Bradesco,
Santander, Caixa Federal e HSBC) tiveram lucro líquido de R$ 29,6 bilhões no
primeiro semestre, que representa a maior rentabilidade do sistema financeiro
mundial. Em contrapartida, continuam fechando postos de trabalho e reduzem a
média salarial da categoria com a rotatividade.
Produtividade cresce e salário
médio cai
O Comando apresentou ainda estudo
do Dieese feito a partir dos balanços dos bancos mostrando que, enquanto o
número de bancários por agência diminuiu 5% (de 24,15 para 22,95) entre junho
de 2012 e junho de 2013, em razão do enxugamento de postos de trabalho, no
mesmo período o lucro líquido por bancário aumentou 19,4%, a carteira de crédito
por empregado cresceu 19,8% e o número de conta-corrente por trabalhador passou
de 285 para 304 (crescimento de 6,9%).
Apesar do aumento da produtividade
e dos ganhos reais da categoria com mobilizações e greves, que entre 2004 e
2011 foi de 13,94% no salário e 31,70% no piso, a remuneração média (salário
mais verbas fixas) dos bancários diminuiu nesse período. Segundo dados da Rais
(Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho e Emprego, a
remuneração média da categoria em 2004, deflacionado pelo INPC, era de R$
4.817,12 . Em 2011 (último ano disponível pela Rais), o valor médio salarial do
bancário caiu para R$ 4.743,59 - uma redução de 1,5% no poder de compra dos
salários.
Cláusulas econômicas: principais demandas
Reajuste de 11,93% e piso do
Dieese - Os
representantes dos bancários defenderam o reajuste de 11,93%, que inclui a
inflação do período mais 5% de aumento real, argumentando sobre a importância
de recompor o poder de compra do salário e valorizar o piso salarial, conforme
o salário mínimo do Dieese (R$ 2.860,21), diante dos lucros crescentes dos
bancos e do aumento da produtividade.
Os negociadores da Fenaban
primeiro disseram que o reajuste sobre o piso esse ano será o mesmo que sobre
as demais verbas, mas diante da argumentação do Comando afirmaram que levarão a
demanda para os bancos.
PCS - A reivindicação dos bancários é que as empresas tenham
critérios objetivos e transparentes para a ascensão profissional, o que inclui
reajuste anual de 1% todas as verbas de natureza salarial e a partir do quinto
ano completo de serviço o reajuste será de 2%.
Os bancários também reivindicam
dos bancos a movimentação horizontal e/ou vertical de pelo menos um nível na
tabela salarial a cada cinco anos na mesma função. E para os cargos das
carreiras administrativas, operacional e técnica querem que o preenchimento
seja feito por meio de seleção interna.
Os representantes da Fenaban
disseram que a reivindicação é uma maneira disfarçada de pedir anuênio e não querem
discutir PCS, afirmando que isso é "interferência insuportável" para
os bancos. Entretanto, as instituições públicas têm planos de cargos de
salários.
Em relação ao adiantamento do 13º
salário, os negociadores dos bancos assumiram o compromisso de consultar os
patrões.
Salário do substituto - A reivindicação é que nas
substituições, mesmo em caráter provisório, seja garantido ao substituto o
mesmo salário do substituído. Os representantes patronais rejeitaram a demanda,
afirmando ser justo que o bancário trabalhe substituindo chefias porque assim
está sendo avaliado para futuras promoções.
Vale-cultura - O objetivo é incentivar a diversidade cultural, conforme prevê a Lei 12.761/2012, exigindo que os bancos concedam todo mês aos trabalhadores um vale-cultura de R$ 100,00 para compra de ingressos para peças teatrais, cinema, shows, musicais, bem como para outros espetáculos artísticos.
Vale-cultura - O objetivo é incentivar a diversidade cultural, conforme prevê a Lei 12.761/2012, exigindo que os bancos concedam todo mês aos trabalhadores um vale-cultura de R$ 100,00 para compra de ingressos para peças teatrais, cinema, shows, musicais, bem como para outros espetáculos artísticos.
Eles disseram não ter posição
ainda sobre o tema, que é preciso aguardar a regulamentação da lei, mas que
levarão a proposta aos banqueiros e depois voltarão a discutir a proposta.
PLR - A reivindicação dos bancários é de PLR
equivalente a três salários mais valor fixo de R$ 5.553,12 e que não pode ser
compensado nos planos próprios de remuneração variável. O Comando argumentou
que a cada ano diminui a massa salarial dos bancários e, como há falta de
transparência nos balanços dos bancos, a categoria quer mudar a regra de forma a
torná-la mais simples e fácil de compreender.
Os
dirigentes sindicais frisaram que os bancários querem maior percentual de
distribuição da PLR, mais próximo do tamanho do lucro das empresas, e elevação
dos tetos que limitam os valores a serem distribuídos. E cobraram dos bancos
uma discussão séria sobre os PDDs, as provisões para devedores duvidosos, cujos
montantes os bancos vêm aumentando sem justificativa técnica, o que diminui a
PLR. Com essas provisões, só os trabalhadores perdem.
Os
representantes dos bancos descartaram a possibilidade de mudança de regra da
PLR durante esta campanha nacional.
Auxílios-refeição,
cesta-alimentação e creche/babá -
A reivindicação dos bancários é aumentar os auxílios-refeição,
cesta-alimentação, 13ª cesta e auxílio creche/babá para R$ 678,00, equivalente
ao salário mínimo nacional.
Os
representantes da Fenaban afirmaram que nos últimos anos reajustaram os
auxílios acima da inflação e descartaram a elevação dos valores como querem os
trabalhadores.
A
Fenaban também ficou de discutir com os bancos a manutenção da
cesta-alimentação para afastados por doença ou acidente de trabalho até a alta
do INSS. Atualmente, o pagamento ocorre até 180 dias do afastamento.
Gratificação semestral - Os bancários reivindicam o pagamento de uma
gratificação semestral de 1,5 salário para todos os trabalhadores nos meses de
janeiro e julho. Alguns estados (RS, BA, PB e SE) e bancos em outros estados já
pagam essa verba salarial há muitos anos, no valor de um salário.
A
Fenaban, porém, negou a reivindicação, afirmando não haver sentido existir
simultaneamente PLR e gratificação semestral, deixando claro que quer acabar
com essa verba. Os dirigentes sindicais rebateram, dizendo que se trata de uma
forma de valorização do trabalho dos bancários.
Auxílio educacional - O Comando reivindicou o pagamento de um
auxílio educacional por todos os bancos, para empregados que estejam cursando
ensino médio, graduação e pós-graduação. Várias instituições já concedem bolsas
de estudo.
Os
representantes da Fenaban negaram, alegando que o assunto deve ser discutido
banco a banco. Os dirigentes sindicais insistiram na concessão do auxílio, pois
significa qualificação da mão de obra, favorecendo bancários e bancos.
Parcelamento de adiantamento de
férias - O que os bancários reivindicam é que, por ocasião das férias, a
devolução do adiantamento feito pelo banco seja efetuada em até dez parcelas
iguais e sucessivas, a partir do mês subsequente ao do crédito, sem acréscimo
de juros ou correção de qualquer espécie. Vários bancos já efetuam
parcelamentos.
Os
negociadores da Fenaban vão levar a demanda aos bancos.
Previdência complementar - Os bancários reivindicam que todos os bancos
instituam e patrocinem planos de previdência complementar fechados para todos
os trabalhadores, com o objetivo de garantir a complementação de aposentadoria
e pensão por morte e invalidez. Vários bancos já são patrocinadores de fundos
para os seus funcionários.
Os
representantes dos banqueiros, no entanto, disseram que esse é um tema para discussão
banco a banco, como acontece com os planos de saúde, não sendo pauta da
Convenção Coletiva.
Fonte:
Feeb SP/MS, com informações da Contraf