terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Pressão sindical faz Dilma rever novo seguro-desemprego, diz Folha


Folha de S.Paulo
Valdo Cruz 
Julianna Sofia


O governo já admite reservadamente que vai ceder às centrais sindicais e rever parte das mudanças nas regras do seguro-desemprego que endureceram o acesso ao benefício trabalhista.

Segundo a Folha apurou, a equipe da presidente Dilma chegou à conclusão de que, sem alterações, a medida provisória que restringiu o benefício não será aprovada no Congresso Nacional.

Assessores presidenciais disseram à reportagem que, diante da reação contrária de lideranças sindicais, a estratégia era fazer concessões durante a fase de tramitação da proposta no Legislativo.

Agora, após declarações do ministro Joaquim Levy (Fazenda) avaliadas pelo Palácio do Planalto como infelizes, a equipe de Dilma acredita que pode ser obrigada a sinalizar mais concretamente o que irá mudar na próxima reunião com as centrais sindicais, em 3 de fevereiro.

Na semana passada, em Davos (Suíça), Levy chamou de "ultrapassado" o modelo do seguro-desemprego, o que irritou sindicalistas e até assessores de Dilma.

Seu colega Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) divulgou nota no sábado (24) classificando o seguro-desemprego como "cláusula pétrea" dos direitos dos trabalhadores.

O próprio Levy reconheceu internamente no governo que não foi feliz em suas declarações. Ele defende mudanças no sistema, mas sem retirar direitos trabalhistas.

Jovens

Segundo a Folha apurou, o governo pode mudar o período de carência para concessão do benefício na primeira solicitação feita pelo trabalhador. As centrais sindicais consideram que essa regra prejudica principalmente jovens num período da economia em que deve haver alta de desemprego nesta faixa.

Pelas regras definidas pela equipe econômica, a carência subiria de 6 para 18 meses nos últimos 24 meses trabalhados na primeira solicitação do benefício. No segundo pedido, o prazo passou de 6 para 12 meses nos últimos 16 meses trabalhados. Na terceira, foi mantida a carência de seis meses.

O governo também propôs mudanças no abono salarial, no seguro-defeso (pago a pescadores no período de proibição da pesca) e na pensão pós-morte.
Lançado no fim de 2014, o pacote de mudanças em benefícios trabalhistas e previdenciários visa economizar R$ 18 bilhões neste ano para reequilibrar as contas públicas. São R$ 9 bilhões apenas com o seguro-desemprego.

Presidente da Força Sindical, Miguel Torres diz que mudar só a carência do seguro-desemprego não é "suficiente". Ele também defende ajustes no seguro-defeso e na pensão pós-morte.
Presidente da CUT, Vagner Freitas defende mudanças em todas as medidas.

As centrais estão organizando manifestações contra as propostas, classificadas por elas de conservadoras.

Itaú capta R$ 1 bilhão para projetos de tratamento de água e energia renovável


O Itaú Unibanco fechou uma captação de aproximadamente R$ 1,05 bilhão para financiar projetos de energia renovável, eficiência energética, captação e tratamento de água e empreendimentos que contribuam para a redução dos impactos climáticos no Brasil. 

A operação conta com recursos da International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial para o desenvolvimento do setor privado, e outras três instituições internacionais: Mizuho, Bank of America Merrill Lynch e Commerzbank.

O dinheiro já está no caixa do Itaú Unibanco, que iniciou a análise dos primeiros pedidos de financiamento. A captação foi feita em duas tranches. A da IFC, de R$ 262 milhões, terá prazo máximo de pagamento de cinco anos. Os outros R$ 787 milhões dos bancos privados (sendo R$ 262 milhões cada) terão prazo para quitação de três anos. 

"Essa operação foi feita com um volume específico e direcionada a bancos comerciais que sabíamos que seriam nosso parceiros", afirmou a responsável pela área de Captações Externas do Itaú Unibanco, Carolina Amaral Camargo.

Segundo ela, na captação com prazo de três anos para pagamento, a taxa de juros que será paga pelo banco será de Libor (taxa de juros interbancária do mercado de Londres, equivalente ao CDI do Brasil) mais 1,2% ao ano e de Libor mais 1,4% ao ano, para o prazo de cinco anos. A taxa que será cobrada dos clientes do Itaú dependerá da análise do projeto e de risco credito. A executiva destacou que, apesar de não poder informar os valores, haverá limite máximo para os financiamentos. O objetivo será pulverizar os recursos em um número maior de projetos.

Além disso, os empreendimentos que quiserem os recursos do banco terão de cumprir algumas regras da IFC na área socioambiental. Segundo a executiva responsável por Instituições Financeiras da IFC no Brasil, Ariane Di Iorio, num momento de crise energética como a que o Brasil enfrenta hoje, uma linha de crédito dessa natureza sempre é bem-vinda. "Nessas ocasiões, as pessoas sempre lembram do tema diversificação da matriz elétrica."

Segundo ela, a demanda por ativos que envolvem sustentabilidade, redução dos impactos climáticos e diversificação da matriz elétrica vem crescendo ano após ano. Ela destaca que em 2012, por exemplo, a emissão dos chamados "green bonds" (títulos verdes), para financiar iniciativas voltadas ao meio ambiente, estava na casa de US$ 2 bilhões; em 2013 já haviam subido para US$ 10 bilhões; e no ano passado, saltou para US$ 35 bilhões.

"A demanda para ativos em investimentos em projetos ligados ao meio ambiente tem aumentado muito. Hoje há fundos de pensão que fazem alocações vislumbrando esse tipo de métrica."

No Brasil, diz Ariane, a IFC já financiou US$ 1,7 bilhão para projetos ligados a melhorias de impactos climáticos. No mundo, são cerca de US$ 11 bilhões desde 2005. O banco brasileiro tem seguido essa mesma linha. Nos últimos três anos, o Itaú BBA, banco de atacado e investimento da holding Itaú Unibanco, estruturou e financiou mais de 42 projetos relacionados à geração de energia renováveis.

Um dos projetos financiados pelo banco é a Parceria Público-Privada (PPP) do Sistema Produtor São Lourenço, que tem o objetivo de ampliar a capacidade de produção de água tratada para a Região Metropolitana de São Paulo - que vive uma das piores crises de abastecimento da história. 

Fonte: IstoÉ / Estadão

Bancos lucraram 18,5% mais no quarto trimestre, prevê corretora

  
Brasil Econômico
Léa De Luca

O ano passado foi de novo muito bom para a maioria dos sete bancos de capital aberto acompanhados pela BB BI, a corretora do banco de investimentos do Banco do Brasil (BB). Segundo relatório divulgado ontem pelo analista Carlos Daltozo, a soma dos lucros de Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, Banrisul, ABC Brasil, Daycoval e Pine deve atingir R$ 11,25 bilhões no último trimestre do ano. Em relação ao trimestre anterior, o valor representa uma virtual estabilidade. Mas, em relação ao mesmo trimestre de 2013, a alta média chega a 18,5%.

O maior percentual de alta em 12 meses é do Bradesco, que deve apresentar no próximo dia 29 um resultado de R$ 3,88 bilhões, segundo estima o BB BI - o que significa um aumento de 26% em relação ao último trimestre de 2013. Mas o maior lucro entre os sete, em termos absolutos, continua com o Itaú: R$ 5,38 bilhões. A BB BI não analisa, prevê nem comenta o resultado do próprio BB - nem o da Caixa, que não tem ações.

Para o analista, o crescimento sustentável do Bradesco veio ancorado no avanço da receita de serviços e no controle rigoroso de custos. A carteira de crédito continuará apresentando crescimento de um dígito (7,6% ao ano), com manutenção da qualidade.

O lucro do Itaú será impulsionado pelo efeito não recorrente da operação de seguros de grandes riscos, no valor de R$ 1,1 bilhão antes de impostos. O lucro contábil deverá permanecer estável, com retração de 0,5% no trimestre, mas a rentabilidade permanecerá em saudáveis 23,7%.

Daltozo acredita que este ano será mais difícil e que os bancos vão fazer previsões mais conservadoras. "Após alguns anos de frustração e de expectativa otimista com relação ao desempenho da economia, acreditamos que os bancos serão mais realistas na divulgação de suas perspectivas para 2015. Estimativas de crescimento de um dígito para as carteiras de crédito poderão até trazer uma pressão adicional, em um primeiro momento, para as ações das instituições financeiras. Por outro lado, acreditamos que os bancos privados estão preparados para esta nova realidade, buscando diversificar suas fontes de receita e melhorando sua eficiência operacional", diz o relatório.

 Últimas Notícias

Sistema financeiro cortou 5 mil postos de trabalho no Brasil em 2014

 
O sistema financeiro nacional fechou 5.004 postos de trabalho em 2014 e manteve o alto índice de rotatividade no emprego dos anos anteriores, como mecanismo para achatar a média salarial. O desemprego no setor seria ainda mais acentuado não fosse a atuação da Caixa Econômica Federal, a única grande instituição financeira a criar vagas (2.600). Os bancos agem assim na contramão da economia brasileira, que gerou 396.993 novos em 2014.

Os dados são da Pesquisa de Emprego Bancário (PEB) divulgada nesta segunda-feira 26 pela Contraf-CUT, que faz o estudo em parceria com o Dieese, com base nos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Clique aqui para acessar as tabelas e gráficos da pesquisa. 

Os maiores cortes ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, com 1.847, 984, 857 e 587 cortes, respectivamente. O estado com maior saldo positivo foi o Pará, com geração de 290 novas vagas.

"É injustificável essa eliminação de postos de trabalho num dos setores mais lucrativos da economia, ostentando os maiores índices de rentabilidade de todo o sistema financeiro internacional", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.

Rotatividade achata salários 

De acordo com o levantamento Contraf-CUT/Dieese, além do corte de vagas, a rotatividade continuou alta no período. Os bancos brasileiros contrataram 32.952 funcionários e desligaram 37.956.

A pesquisa mostra também que o salário médio dos admitidos pelos bancos no ano passado foi de R$ 3.374,99 contra o salário médio de R$ 5.338,12 dos desligados. Assim, os trabalhadores que entraram nos bancos receberam valor médio 37% menor que a remuneração dos que saíram.

"Essa diferença prova que os bancos privados continuam praticando a rotatividade, um mecanismo cruel utilizado para reduzir a massa salarial da categoria e aumentar ainda mais os lucros", destaca o presidente da Contraf-CUT. "Nos últimos 11 anos, os bancários conquistaram aumentos reais consecutivos, mas esses ganhos estão sendo corroídos pela rotatividade, freando o crescimento da renda da categoria."

Desigualdade entre homens e mulheres

A pesquisa mostra também que as mulheres, ainda que representem metade da categoria e sejam mais escolarizadas, continuam discriminadas pelos bancos na remuneração, ganhando menos do que os homens quando são contratadas. Essa desigualdade segue ao longo da carreira, pois a remuneração das mulheres é bem inferior à dos homens no momento em que são desligadas dos seus postos de trabalho.

Enquanto a média dos salários dos homens na admissão foi de R$ 3.805,74 em 2014, a remuneração das mulheres ficou em R$ 2.921,66, valor 23,2% inferior à remuneração de contratação dos homens. 

Já a média dos salários dos homens no desligamento foi de R$ 6.017,45 no período, enquanto a remuneração das mulheres foi de R$ 4.4522,87. Isso significa que o salário médio das mulheres no desligamento é 26% menor que a remuneração dos homens.

"Essa discriminação é absurda e totalmente inaceitável. As mulheres têm escolaridade maior, mas enfrentam barreiras para a ascensão profissional em razão do machismo que ainda impera nos bancos", enfatiza Cordeiro.


Fonte: Contraf-CUT