terça-feira, 1 de novembro de 2011

"ISSO É BRASIL" - PAÍS IMPORTA INFLAÇÃO VINDA DA CHINA.

A inflação no Brasil vem desacelerando em direção à meta de 4,5%, em linha com o cenário elaborado pelo Banco Central. Mas isso não significa preços mais baixos. A assistente administrativa Eneide Chaves Custódio, 49, por exemplo, vem percebendo que roupas e brinquedos importados da China estão mais caros na prateleira. A consumidora confirma a pressão sobre os preços que vêm da Ásia: o Brasil está importando parte da inflação chinesa.
"Com a presidente não está tão ruim, mas não é mais tão bom quanto era com o Lula", diz Eneide. "Antes a gente sentia mais segurança", afirma. "E essa coisa do Banco Central depende mais da política do governo", acrescenta, ao ser indagada sobre o comportamento da inflação e a atuação do Banco Central. "Os brinquedos estão bem mais caros do que em qualquer época e as roupas estão custando mais também."
O comportamento da economia chinesa provoca um impacto direto e outro indireto nos preços do País, conforme explica o ex-secretário de Política Econômica Julio Gomes de Almeida.
De um lado, o apetite do gigante asiático por matérias primas - as commodities - pressiona cotação de produtos como cobre e trigo. Esses itens, que o Brasil precisa importar, acabam chegando mais caro ao País.
Por outro, houve elevação de custos de produção na China, por conta de salários mais altos. E isso resulta em manufaturados mais caros.
"Bens intermediários e de consumo já estão um pouco mais inflados pela inflação chinesa", afirma Almeida, que atualmente preside o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI). "A China deixou de fazer exportações ‘desinflacionárias’, como nos anos 1990 e 2000. E agora exporta inflação. Isso vai continuar assim: o conteúdo inflacionário veio pra ficar", afirma.
Pressão
O principal fator de pressão sobre a inflação brasileira não é mais o preço de serviços, segundo dados compilados pelo Banco Central. O valor cobrado por serviços, tais como manutenção de automóveis e cabeleireiros, subiram 9,03% nos 12 meses encerrados em setembro. Agora, a ameaça principal está nos preços de bens não duráveis, como calçados, vestuário, utensílios e enfeites, que cresceram 9,25% no mesmo período.
Estes itens, somados a bens semiduráveis - como artigos de limpeza e produtos farmacêuticos - representam 38% do índice oficial de inflação do País, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As duas categorias também são as que mais reagem aos preços chineses, colocando em risco uma possível queda do custo de vida brasileiro.
As importações de calçados da China, por exemplo, cresceram 19% nos primeiros nove meses de 2011, em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto o preço médio da unidade subiu de US$ 4,93 para US$ 6,28, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Nas contas do IBGE, o preço de calçados teve um incremento de 8,74% nos últimos 12 meses encerrados em setembro.
O preço médio do brinquedo chinês também subiu, como notou Eneide. O valor passou de US$ 1,21 para US$ 1,46 no mesmo intervalo.
Parte desse aumento teve a ver com o governo nacional, que em dezembro aumentou de 20% para 35% a tarifa de importação, afim de proteger o fabricante nacional. Mesmo assim, as importações cresceram 38%.
Sabão e material de limpeza, cujas compras feitas pelo Brasil da China subiram 61%, também estão custando mais. Foram importados a US$ 2,05 por quilo de janeiro a setembro do ano passado. Este ano, no mesmo período, o preço passou para US$ 2,37.
Transmissão
"O salário na China está subindo e os custos estão aumentando", diz José Augusto de Castro, presidente em exercício da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). "As empresas chinesas têm que repassar esses custos maiores, é possível que estejamos trazendo um pouco de inflação de lá para cá", avalia ele.
"Mas quando conversamos com algumas empresas, vemos que houve aumento. Mesmo assim, o preço chinês ainda continua muito mais vantajoso em relação ao nacional", acrescenta.
Outro canal de transmissão da inflação da China para o Brasil são os insumos utilizados pela indústria nacional. O empresário nacional, segundo Castro, é quem vai decidir se repassa ou não esses custos maiores para o consumidor.
Pelo sim, pelo não, a arquiteta Ciane Gualberto Feitosa Soares, 56, evita produtos "made in China". "Uma vez fui comprar cobertor e me ofereceram um da China", diz ela. "Li no jornal que a China também está na crise e que isso vai afetar o Brasil. Então, comprei um nacional, um pouco mais caro, para ajudar."

Fonte: O Estado de S.Paulo

LUCRO DO ITAU CRESCE 25,5% E ATINGE R$3,8 BI NO TRIMESTRE

O lucro líquido do Itaú Unibanco atingiu R$ 3,807 bilhões no terceiro trimestre, com aumento de 25,5% ante o mesmo intervalo em 2010 e alta de 5,7% no confronto com os três meses imediatamente anteriores.
No acumulado de janeiro a setembro, os ganhos do banco chegaram a R$ 10,940 bilhões, com expansão de 16,0% no confronto com igual intervalo em 2010.
A carteira de crédito do Itaú, incluindo operações de avais e fianças, chegou a R$ 382,236 bilhões em setembro, com acréscimo de 6,1% em relação ao segundo trimestre e de 22,8% ante o mesmo período do ano anterior.
No segmento de pessoas físicas, os destaques no trimestre foram as carteiras de crédito imobiliário e de crédito pessoal, com crescimentos de 14,7% e 10,0%, respectivamente. No período de 12 meses, foram as carteiras de cartão de crédito (22,0%), crédito pessoal (43,4%) e crédito imobiliário (79,3%).
Já a carteira que engloba os empréstimos para empresas registrou crescimento trimestral de 6,2% e de 22,4% em 12 meses.
O índice de inadimplência total, considerando operações de crédito com atraso superior a 90 dias, atingiu 4,7% em setembro, superior ao patamar registrado em junho (4,5%) e no mesmo mês do ano passado (4,2%).

Fonte: Folha de S.Paulo