quarta-feira, 11 de abril de 2012

Contraf questiona BB sobre reestruturação com demissões no Votorantim

Agência Brasil
A Contraf-CUT está questionando a reestruturação que o Banco do Brasil pretende implantar no Banco Votorantim. "Uma coisa é acabar com a farra dos altos executivos do banco hoje com participação do BB, que emprestavam sem nenhum rigor para receberem bônus milionários e deixarem carteiras de alto risco para a empresa. Outra coisa é o banco querer penalizar o conjunto dos trabalhadores que produzem a riqueza da empresa no dia a dia e ainda querer transformar o Votorantim em mais um correspondente bancário do BB", afirma William Mendes, secretário de formação da Contraf-CUT.

A reestruturação do Votorantim foi tema de longa reportagem na edição de segunda-feira (9) do jornal Valor Econômico. Os dados revelam que uma reviravolta é necessária no banco, mas o modelo desenhado reforça a gestão privada, distanciando-se do perfil de banco público. 

Bancários rejeitam demissões

Segundo o Valor Econômico, "enquanto a reforma não estiver pronta, o Votorantim não vai voltar a crescer. Por isso, se a instituição ficará menor em termos de negócio, também terá uma estrutura menor. Nos próximos meses, o banco deve passar por um significativo corte de pessoal". 

Departamentos como jurídico, de recursos humanos e de governança, que antes tinham estruturas duplicadas para o banco e para a financeira BV, estão sendo unificados. "O corte de custos vai nos capacitar a crescer", afirmou João Roberto Gonçalves Teixeira, presidente da instituição.

A Contraf-CUT discorda do modelo de ajuste e rejeita demissões de trabalhadores. "Em vez de fazer cortes de pessoal, o BB deve oferecer treinamento e especialização aos funcionários, a fim de melhorar a qualidade do crédito e reduzir a inadimplência", defende William Mendes.

Novo correspondente bancário do BB

Conforme o jornal, "o Votorantim voltará às origens, concentrando esforços no crédito para usados. O trabalho de gerar operações para o BB em concessionárias continuará, mas com uma nova roupagem. O Votorantim será uma espécie de correspondente bancário do banco estatal. Será remunerado por operação gerada nas concessionárias, sem ter de manter os financiamentos em balanço e usar seu custo de captação mais elevado". 

"A proposta de transformar o Votorantim em mais um correspondente do BB está na contramão da universalização dos serviços bancários", denuncia William.

"Queremos que o BB abra agências e postos de atendimento para garantir inclusão bancária com emprego decente, qualidade de atendimento, segurança e sigilo protegidos", aponta o diretor da Contraf-CUT.

Bônus milionários para executivos

O Valor apurou que os salários dos executivos do alto escalão, por exemplo, giravam entre R$ 30 mil e R$ 40 mil, mas os bônus superavam os milhões. Kuzuhara (ex-presidente) ganhou R$ 13 milhões num só ano. Os vice-presidentes ganharam um pouco menos, R$ 11 milhões. Mesmo em 2011, quando o BV teve prejuízo, os bônus individuais iriam alcançar R$ 4 milhões. Iriam. O Banco do Brasil proibiu a distribuição, dado o péssimo resultado do banco. 

Em 2010, como comparação, a média paga pelo Bradesco aos diretores foi de R$ 3,7 milhões por executivo; no Itaú, R$ 8,1 milhões (R$ 5,2 milhões em bônus); e no Santander, R$ 4,7 milhões (R$ 2,8 milhões em bônus). Seguindo o que acontece nas empresas estatais, o Banco do Brasil tem uma remuneração mais baixa, de R$ 717 mil (R$ 246 mil em bônus). 

Essa política de remuneração estimulava o banco a gerar gigantescas carteiras de crédito, que em seguida eram revendidas com lucro. Até o ano passado, as regras contábeis permitiam que o resultado com a venda de uma carteira fosse registrado no ato da transação. O problema é que, de acordo com os contratos, o prejuízo gerado por essas carteiras em caso de inadimplência precisa ser coberto pelo próprio Votorantim.

Festas para correspondentes bancários

Segundo o jornal, o banco também promovia festas anuais regadas a sorteios milionários aos seus correspondentes bancários.

"Carros de luxo, como BMWs e Hondas CRV, também eram distribuídos aos melhores vendedores. Embora a distribuição de prêmios seja praxe entre as financeiras, no caso da BV os mimos eram mais extravagantes. O Valor conversou com dois correspondentes que consideravam o Votorantim a instituição com os melhores incentivos do mercado", revela o jornal.

Bancários querem discutir reestruturação

"A reportagem do Valor Econômico mostra a importância de discutir a reestruturação do Votorantim, seja na perspectiva de compreender o papel do banco para a atuação do BB, seja para proteger os direitos dos trabalhadores diante do processo de ajuste", ressalta William. 

"O BB é um banco cada vez mais competitivo no mercado, mas não pode abandonar o perfil de instituição pública para alavancar o desenvolvimento econômico e social, gerar empregos e renda, combater as desigualdades, garantir inclusão bancária para todos os brasileiros e assegurar condições dignas de trabalho para os seus funcionários", conclui o dirigente da Contraf-CUT.


Fonte: Contraf-CUT com Valor Econômico

Com R$ 49,4 bilhões, setor bancário foi o mais lucrativo do país em 2011

O resultado dos bancos no ano passado colocaram o setor no topo da lista de lucratividade entre as empresas brasileiras de capital aberto.

O ranking elaborado pela consultoria Economatica considera os balanços consolidados de 344 grupos do país, sem Vale e Petrobras. Juntas, as duas lucraram R$ 71,1 bilhões em 2011, um crescimento de 9%.

Os lucros de 25 bancos brasileiros de capital aberto somaram R$ 49,4 bilhões. A cifra representa um avanço de 14,48% em relação ao ano anterior e 39,4% do valor total acumulado pelo grupo das companhias de capital aberto.

O setor de energia, que engloba 45 empresas, teve o segundo maior lucro acumulado. A soma alcançou R$ 17,53 bilhões, um crescimento de 2,5% na comparação com o ano anterior.

O lucro total das 344 companhias de capital aberto consideradas no estudo desacelerou no último ano. A queda foi de 2,64%, para R$ 125,636 bilhões. Se considerados os resultados da Vale e da Petrobras, a soma sobe R$ 196,762 bilhões.


Fonte: Folha.com

Justiça condena Caixa a indenizar empregada humilhada no trabalho

Uma empregada, que prestou serviços à Caixa Econômica Federal por trinta anos, os últimos deles em função de destaque, como gerente, procurou a Justiça do Trabalho alegando ter sido discriminada e perseguida no ambiente de trabalho. Isto porque, o gerente geral, em alto e bom som, informou a ela que deveria escolher entre ser transferida de agência ou rebaixada de função. 

O motivo apontado pelo chefe foi o fato de ninguém na agência gostar da reclamante, nem mesmo os clientes. Abalada, pressionada e recebendo telefonemas do supervisor da região, acabou aderindo ao PDV - Programa de Demissão Voluntária. Sentindo-se humilhada, pediu a condenação da ex-empregadora ao pagamento de indenização por danos morais.

E a juíza Paula Borlido Haddad, titular da Vara do Trabalho de Três Corações, deu razão à trabalhadora. Ela considerou que os fatos narrados pela ex-bancária foram claramente comprovados no processo. 

A empregada ocupou, por anos seguidos, cargo de destaque no banco e, de uma hora para outra, foram-lhe dadas duas opções. Ou deveria concordar com sua transferência, ou seria rebaixada de cargo. "Desse modo, ficou a reclamante exposta ao isolamento que essa condição provoca de forma natural ou automática, com evidente prejuízo emocional, pois ficou desacreditada e envergonhada perante os colegas", ressaltou.

A magistrada esclareceu que não se está discutindo o direito que o banco tem de remanejar seus gerentes. A questão é outra e refere-se à forma pela qual essas alterações são realizadas. Na visão da juíza, faz toda a diferença, nesse momento, o modo como o empregador usa sua autoridade. Princípios morais devem ser observados. 

No entanto, no caso analisado, não foi o que aconteceu. A testemunha ouvida assegurou que, o gerente geral disse para a reclamante que ela seria transferida porque ninguém gostava dela, incluindo os clientes. "Ora, o empregado pode ser destituído do cargo de confiança a qualquer momento, mas sua dignidade deve ser antes de tudo preservada", frisou.

O banco, por meio de seu gerente, deveria ter agido com mais cuidado, respeitando a profissional como pessoa humana. A intenção inicial pode até não ter sido punir a empregada, mas foi o que acabou ocorrendo, de forma sutil e não menos violenta, por desprezo à honra da bancária. 

A julgadora lembrou que a literatura médica é rica em exemplos das consequências trágicas à saúde que os sentimentos de inutilidade e fracasso provocam em casos como os do processo. Levando em conta a conduta ilícita do réu, o sofrimento psíquico da reclamante e o nexo entre um e outro, a magistrada condenou a Caixa ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ 30.000,00. 

A Caixa apresentou recurso, mas a condenação foi mantida pelo Tribunal da 3ª Região, sendo apenas reduzido o valor da indenização, para R$ 10.000,00.


Fonte: LexMagister

Artigo de Miguel Pereira sobre terceirização: O trabalhador como mercadoria



A Folha de S.Paulo publicou neste sábado (7) artigo de Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT. O texto pode ser lido na seção Tendências/Debates, na página 3, e trata da terceirização, sob o título "O trabalhador como mercadoria".

Miguel, especialista no tema, integrante do Grupo de Trabalho da CUT, coordena a Mesa Temática de Terceirização com a Fenaban e participou na audiência pública do TST sobre o assunto no ano passado. 

Na última quinta-feira (4), ele representou a CUT na audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, presidida por Paulo Paim (PT/RS), sobre a terceirização do trabalho no país.

O artigo de Miguel aponta "vários mitos, verdades e interesses" que envolvem a terceirização, denunciando que "na intermediação de mão de obra, o trabalhador é tratado como mercadoria, a exemplo da época da escravidão".

Na edição, a Folha fez um questionamento: "A terceirização é um retrocesso trabalhista?" e publicou também um artigo com outro ponto de vista.

Leia a íntegra do artigo de Miguel: 

O trabalhador como mercadoria

Um tema que deve ser debatido em breve no Congresso Nacional é a terceirização. 

Desde o ano passado, o assunto ganhou espaço e foi objeto da primeira audiência pública do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Há vários mitos, verdades e interesses que precisam ser identificados e discutidos pelos deputados, pelos senadores e pela sociedade. 

O que muitos costumam chamar de terceirização não passa, na maioria das vezes, de prática ilegal de intermediação de mão de obra. 

O critério da atividade-fim ou atividade-meio de nada vale se estiverem presentes os elementos caracterizadores da relação formal de emprego: pessoalidade, subordinação, habitualidade e onerosidade. 

Essa forma de contratação tem sido usada pelas empresas para reduzir custos com pessoal e aumentar a rentabilidade e o lucro. 

Afirmações como "a terceirização é geradora de empregos", "é através dela que se eleva a eficiência do trabalho", "é um jeito moderno de gestão e organização da produção" e "é um processo irreversível e um avanço trabalhista" não passam de mitos forjados para tentar acobertar a precarização que não se sustentam à luz dos fatos. 

Nos últimos anos, o Brasil voltou a crescer e gerou milhões de empregos com carteira assinada. Isso não foi resultado da flexibilização de direitos trabalhistas, como pregavam os neoliberais de plantão na década de 1990, mas de investimentos e de políticas públicas, do crescimento da economia e da valorização do trabalho, com formalização e aumentos reais de salários. 

Entretanto, o Brasil é o segundo país com maior desigualdade do G20. Apenas a África do Sul fica atrás. Essa dura realidade não mudará com terceirização, "quarteirização" e "pejotização", que têm produzido empresas sem qualquer trabalhador. 

O aumento da produtividade das empresas é positivo, mas não pode ser fruto da submissão a novas divisão e organização do trabalho que só focam a lucratividade. Sobram para os trabalhadores baixos salários, menos direitos, rotatividade, quebra da identidade de classe e da solidariedade e enfraquecimento sindical -além de maiores níveis de adoecimento, insegurança e mortes. 

A negligência por parte das contratadas no cumprimento dos contratos tem provocado uma série de prejuízos aos empregados, como o não pagamento dos direitos trabalhistas, previdenciários e, particularmente, rescisórios. 

Não é à toa que milhares de ações judiciais questionam a legalidade do processo e cobram os direitos dos trabalhadores. Esses passivos são, na verdade, os reais interesses que estão por trás do chamado "risco jurídico" a que as empresas alegam estarem submetidas. 

Na intermediação de mão de obra, o trabalhador é tratado como mercadoria, a exemplo da época da escravidão, já varrida há mais de um século. A superexploração do trabalho não combina com modernidade e com desenvolvimento econômico e social. 

Cabe ao Congresso Nacional aprovar uma lei que realmente fortaleça as relações de emprego e os direitos dos trabalhadores. Uma legislação precarizante pode comprometer o futuro da nação. O Brasil precisa de trabalho decente, qualidade de produtos e serviços, distribuição de renda, inclusão social, segurança e proteção da vida dos trabalhadores e da população. 


MIGUEL PEREIRA, 44, advogado, bancário e secretário de Organização da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) 


Fonte: Contraf-CUT com Folha de S.Paulo

CUT e bancários de São Paulo realizam ato pelo fim do imposto sindical

Crédito: CUT
CUT
O trabalhador com carteira assinada teve uma desagradável surpresa ao final do mês de março. Como acontece em todos os anos, mais uma vez o imposto sindical roubou um dia de seu trabalho, sem que pudesse escolher democraticamente o valor ou avaliar se o sindicato faz por merecer esse desconto.

Para acabar com essa medida autoritária, a Central Única dos Trabalhadores e o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região promoveram nesta terça-feira (10), na região central da capital paulista, o primeiro ato público da campanha por liberdade e autonomia sindical.

Também pela primeira vez os paulistanos puderam participar do plebiscito que a CUT promove para acabar com o imposto e substituir a cobrança por uma contribuição negocial definida pelas categorias em assembleia.

"Queremos que essa primeira manifestação em praça pública sirva de exemplo para as outras CUTs nos estados. Principalmente, para chamar a atenção da população, porque muitos trabalhadores tem o valor descontado e não sabem para onde vão", afirmou o presidente da Central, Artur Henrique.

O dirigente lembrou ainda que essa é uma luta emcampada pela CUT desde o nascimento e que o objetivo é justamente fortalecer os sindicatos de luta. "Aqueles que são representativos e realmente defendem os trabalhadores sairão fortalecidos através do aumento do número de sindicalizados. Porque esse sistema de desconto automático, sem discussão, por meio da imposição, acaba por sustentar entidades de gaveta, que não cumprem seu papel", completou.

A repositora Patrícia Felix, 25, afirmou votar pelo fim da cobrança por não saber sequer onde fica o sindicato que ajuda a sustentar. "Hoje, o valor sai do meu holerith, mas eu nem sei para quem vai", disse, diante das urnas onde dezenas de pessoas depositavam os votos e aproveitavam para assinar o abaixo-assinado pelo fim do imposto.

Caso semelhante do auxiliar de câmbio, Francisco Júnior, 33, que afirma ser um dos filiados do Sindicato dos Securitários de São Paulo. "Não vemos atuação e os reajustes em nossos salários são péssimos. Tive um desconto de R$ 34 e no mês que vem também terei. Só que a gente não vê retorno", criticou.

Presidente da CUT-SP, Adi Lima, também ressaltou o caráter democrático da substituição do imposto por uma contribuição negocial. "Os sindicatos são imprescindíveis na luta por melhores condições para os trabalhadores, mas queremos decidir como fazer isso, por meio de negociação coletiva, com a participação das bases".

O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, que Juvandia Moreira preside, é uma prova da possibilidade de organizações fortes sem o imposto sindical. Durante 10 anos, a entidade não cobrou o imposto dos trabalhadores. Porém, uma liminar de 2005 impediu que os bancários mantivessem essa prática. Perante essa decisão, o Sindicato resolveu devolver a todos os filiados a parte que lhe cabe na cobrança.

"Quando somos atuantes, prestamos contas, discutimos com a categoria e vamos para as bases conquistamos o respeito. Hoje, mesmo os sindicatos que não fazem a luta recebem o valor. O fim da obrigatoriedade vai fazer se mexer quem não trabalha e acabar com quem não é atuante", defendeu Juvandia.

Para o secretário de Administração e Finanças da CUT, Vagner Freitas, o imposto atenta até mesmo contra a democracia. "Essa cobrança mantém os sindicatos atrelados ao Estado, vão contra a livre organização sindical", falou.

Segundo ele, a cobrança não acaba porque há interesses inclusive da classe patronal. "De um lado, os patrões querem trabalhadores que não sejam combativos. E, do outro, porque a maior parte dessa arrecadação vai para os sindicatos patronais." 


Fonte: CUT