24/06/2014
Santander
investe R$ 1,1 bi em data center
Por Fabiana
Lopes
Localizada
em Campinas (SP), nova central de processamento de dados do banco espanhol tem
capacidade de realizar 210 milhões de transações por
dia
Com
um investimento de R$ 1,1 bilhão o Santander Brasil inaugurou ontem um novo data
center em Campinas, interior de São Paulo, que trará ao banco um aumento de 50%
da atual capacidade de processamento e deve se tornar um centro de comando do
Grupo Santander para as unidades da América Latina. O objetivo do banco é que a
nova infraestrutura seja a base para o crescimento projetado para os próximos
anos.
De
olho na expansão dos negócios, os bancos brasileiros estão em meio a um ciclo de
construção de centros de processamento de dados, investimentos feitos para
décadas. Primeiro na fila, o Bradesco colocou seu data center em operação em
2008. O Banco do Brasil inaugurou sua nova central no ano passado e o Itaú
Unibanco prepara o lançamento de dois novos parques para
2016.
A
expansão da infraestrutura é uma resposta das instituições ao aumento das
transações nos últimos anos. Isso se deve não só à bancarização como também à
mudança na maneira como o cliente interage com o banco.
Até
meados do ano 2000, grande parte das transações era feita nas agências, e o
processamento finalizado durante a noite. Hoje, com mais canais de acesso
disponíveis, os clientes realizam mais transações, exigindo respostas imediatas
dos bancos. Isso aumenta a necessidade de armazenamento, processamento e
segurança da informação.
Com
o lançamento do novo data center do Santander, as antigas infraestruturas de
dados na região da Paulista e de Santo Amaro, em São Paulo, serão desativadas.
Todo o processamento e armazenamento do banco será direcionado para
Campinas.
A
tecnologia foi construída em um terreno de 800 mil m2 e,
além de aumentar a capacidade em 50%, foi projetada para crescer até seis vezes
nos próximos anos, de acordo com a demanda. Hoje, as instalações iniciam as
operações com uma capacidade de armazenar mais de 5 Petabytes (ou 5 milhões de
Gigabytes) e o "mainframe" - principal computador do banco - pode realizar, em
média, 210 milhões de transações por dia.
"Isso
[a construção do data center] nos dá base para continuar crescendo", disse o
presidente do Santander, Jesús Zabalza, durante a cerimônia de inauguração do
novo espaço.
Não
foram poucas as falhas tecnológicas que o Santander enfrentou desde a integração
com o banco Real, em 2009. Problemas chegaram por dias a impedir o pagamento de
contas no internet banking e até saques nos caixas eletrônicos. Em 2011, durante
entrevista ao Valor, Marcial Portela, ex-presidente do Santander Brasil,
admitiu que as interrupções levaram o banco a perder
clientes.
Apesar
de não ser garantia de que o cliente nunca enfrentará problemas tecnológicos com
o banco, o novo data center do Santander é capaz de assegurar 99,995% de
disponibilidade dos dados armazenados, mesmo em caso de desastres, segundo a
certificação "tier IV" (nível 4) dada pelo Uptime Institute. Apenas 12 outros
centros no mundo têm esse selo.
O
data center de Campinas também poderá se tornar um centro de comando do Grupo
Santander para as unidades da América Latina, mas ainda sem data definida. O
banco está em países como México, Argentina e Chile.
Em
um movimento similar, apostando no crescimento do banco, o Itaú está investindo
R$ 2,3 bilhões na construção de dois data centers na região de Mogi Mirim, São
Paulo. A nova estrutura vai substituir a central do banco no bairro da Mooca, em
São Paulo, que se tornaria insuficiente em 2018.
O
projeto, segundo o diretor de infraestrutura do Itaú, Rooney Silva, tem três
grande etapas que incluem a construção de seis data centers em um terreno de 815
mil m2.
Os dois primeiros serão lançados em 2016, mais dois ficarão prontos em 2023 e,
por fim, os dois últimos entregues em 2035. "A nossa projeção é suportar o banco
nos próximos 30 anos", diz Silva.
O
Banco do Brasil investiu na ampliação da sua infraestrutura para suportar as
transações nos próximos 15 anos, de acordo com o gerente-geral de tecnologia do
BB, Daniel Oliveira. O banco já tinha um complexo central de tecnologia em
Brasília, com dois data centers, inaugurados em 1998 e 2010. O segundo complexo,
conhecido como Capital Digital, foi inaugurado em março do ano passado com um
investimento de R$ 1,85 bilhão. O novo centro de processamento foi construído
por meio de uma parceria público-privada do governo federal, com a Caixa
Econômica Federal.
No
Bradesco, a capacidade de processamento do data center inaugurado em Osasco, em
2008, ainda pode ser dobrada com os computadores que tem hoje. Mesmo em dias de
pico, quando as máquinas atingem 300 milhões de transações, ainda sobra uma
capacidade ociosa de 30%. "Estamos em uma situação bastante confortável hoje",
diz Waldemar Ruggiero, diretor de processamento de dados do
Bradesco.(Colaborou Carolina Mandl)