O Itaú Unibanco está fechando a compra da unidade chilena de varejo do HSBC, banco que está revendo seu portfólio no mundo inteiro. Ambas as instituições devem comunicar a transação ao mercado hoje de manhã, segundo o Valor apurou.
Ontem, procurados pela reportagem, os bancos informaram que não comentariam o assunto.
Apesar de ser um negócio pequeno, já que o braço varejista do HSBC no Chile soma apenas US$ 20 milhões em ativos e quatro agências bancárias, a operação mostra o apetite dos bancos brasileiros em expandir suas atividades no exterior, principalmente na América Latina.
Em diversas partes do mundo, o HSBC está se desfazendo das operações de varejo, como já ocorreu na Rússia, na Polônia e em alguns pontos dos Estados Unidos. O objetivo é se concentrar principalmente nas atividades voltadas para o atendimento a empresas das mais variadas.
Na semana passada, em entrevista ao Valor, Stuart Gulliver, presidente mundial do HSBC, afirmou que também poderá rever alguns ativos no Brasil, entre eles a Losango.
O objetivo do banco é se concentrar nas atividades mais rentáveis e nas quais já tenha atingido escala. Por isso o varejo no Chile, cujas atividades começaram em abril do ano passado, deixou de ser uma prioridade. Em apresentação recente a investidores, o HSBC destacou que, na América Latina, seus maiores interesses estão no Brasil, no México e na Argentina.
Enquanto os bancos europeus e americanos estão revendo sua atuação mundo afora para resolver problemas domésticos, os brasileiros estão aproveitando algumas oportunidades que surgem para se internacionalizar e crescer.
O Itaú já está no Chile desde 2006, quando comprou as operações do BankBoston, mas vem intensificando recentemente sua presença no país. No mês passado, a instituição anunciou a criação de uma nova empresa no Chile com a Munita, Cruzat & Claro (MCC), líder em gestão de fortunas no país, com US$ 2 bilhões de ativos.
Na época, em entrevista ao Valor, João Medeiros, diretor de private banking do Itaú, afirmou que a instituição estava interessada em oferecer produtos brasileiros para os chilenos. Agora, com a aquisição da divisão de clientes de alta renda do HSBC no Chile, o Itaú reforça sua carteiras de clientes endinheirados.
O Chile também atraiu recentemente o interesse do BTG Pactual, que assinou um memorando de entendimentos para comprar a corretora Celfin por cerca de US$ 600 milhões, valor que será em sua maior parte pago com ações do banco brasileiro.
Com a Celfin, o banco controlado por André Esteves já ganharia uma posição de liderança em corretagem, fusões e aquisições e gestão de recursos e fortunas no Chile e no Peru, além de uma porta de entrada para a Colômbia, onde a empresa inicia operações.
Jornais colombianos também têm noticiado o interesse de bancos brasileiros em instituições no país. O BTG teria como alvo a Correval, segunda maior corretora da Colômbia, e o Itaú estaria negociando com o banco Colpatria. Ambas as instituições brasileiras, porém, negam rumores.
Também de olho no crescente fluxo de negócios entre a América Latina e a China, o BTG está investindo cerca de US$ 100 milhões na Citic Securities, maior corretora chinesa por valor de mercado.
É uma transação que deve evoluir para uma participação acionária cruzada entre as duas instituições para selar o interesse de ambas de fazer negócios juntas entre companhias latino-americanas e chinesas.
O BTG e o Citic avaliam que hoje os negócios entre Brasil e China está ficando concentrado nas mãos de instituições americanas e europeias, abrindo espaço para a aliança entre os bancos de países emergentes.
Fonte: Valor Econômico