sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Contraf-CUT lembra os 14 anos da privatização do Banespa no governo FHC

  
Crédito: Afubesp
AfubespParalisação cívica no dia da venda em frente ao edifício-sede do banco

A Contraf-CUT recorda nesta quinta-feira (20) a morte de Zumbi dos Palmares e celebra o Dia da Consciência Negra, mas lembra também os 14 anos de uma amarga derrota para o povo paulista e brasileiro. Em 2000, era consumada a privatização do Banco do Estado de São Paulo, o Banespa, na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. A venda foi mais uma das obras nefastas da privataria tucana no governo neoliberal do presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC).

Federalizado pelo governo de Mario Covas e Geraldo Alckmin, o banco foi vendido ao banco espanhol Santander. José Serra era então ministro do Planejamento. As entidades sindicais e a Afubesp resistiram bravamente ao longo de quase seis anos, promovendo fortes mobilizações dos banespianos e da sociedade.

"A privatização foi um mau negócio para todos os brasileiros, menos para o Santander. Apesar da resistência das entidades sindicais, milhares de funcionários e aposentados perderam empregos, direitos e muitos sonhos. Dezenas de agências foram fechadas prejudicando o atendimento da população. Além disso, São Paulo perdeu o seu maior instrumento de crédito e indutor de desenvolvimento econômico e social do Estado", avalia Ademir Wiederkehr, secretário de Imprensa da Contraf-CUT.

Histórias que a gente não se esquece

O dia 20 de novembro de 2000 era uma segunda-feira, com o ar de primavera igual ao deste ano. Às 10h, instalava-se na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro - longe do ringue paulista - o leilão de privatização do Banespa.

Os bancários tinham feito um movimento vigoroso de resistência, desde a intervenção do Banco Central, no final de 1994. Os sindicatos e a Afubesp conquistaram várias liminares e decisões judiciais, ganhando apoio na sociedade e forçando sucessivos adiamentos do leilão.

A venda só ocorreu após o governo FHC ter baixado uma medida provisória, conhecida como MP do Banespa, que remetia qualquer recurso para a apreciação direta do presidente do STF, ministro Carlos Veloso.

Na véspera da privatização, havia uma liminar que impedia a realização do leilão. Velloso fez plantão naquele fim de semana, recebendo no sábado à tarde o recurso da Advocacia-Geral da União, então sob o comando de Gilmar Mendes, hoje ministro do STF, e cassando na noite de domingo a medida judicial, o que possibilitou a venda do banco para o Santander na manhã de segunda-feira.

Em todo país, os funcionários do Banespa receberam a notícia, durante uma paralisação cívica em frente às agências. Uma grande concentração ocorreu diante do edifício-sede do Banespa, no centro de São Paulo. Muitos se emocionaram e choraram. 

"Na capital gaúcha, cantamos o hino nacional e depois o hino rio-grandense, como sinal de que a nossa luta não foi em vão, pois não compactuamos com o entreguismo dos tucanos e defendemos o patrimônio público", lembra Ademir, que também é diretor da Afubesp.

Venda com preço subavaliado

As entidades sindicais e de representação, que lideraram a defesa do Banespa como banco público, consideraram na época o preço mínimo de venda subavaliado. O valor havia sido fixado em R$ 1,850 bilhão.

O Banespa foi entregue ao Santander por R$ 7,050 bilhões, quase seis anos depois de sofrer intervenção do Banco Central, em 30 de dezembro de 1994, no final do governo Fleury e às vésperas da posse do governo Covas. A venda representou um ágio de 281% sobre o preço mínimo. O lance do Unibanco foi de R$ 2,1 bilhões e o do Bradesco, de R$ 1,86 bilhão. O Itaú não apareceu.

O então procurador da República no Distrito Federal, Luiz Francisco de Souza, disse que o valor oferecido pelo Santander reforçava a tese de que o preço mínimo do banco foi subavaliado pelo governo tucano. Segundo o procurador, com o ágio o Santander seria beneficiado com créditos tributários, o que assegurou efetivamente generosos abatimentos no imposto de renda.

Um estudo feito na época por economistas do Dieese e da Unicamp apurou falhas na avaliação do banco e estimou que o preço mínimo devia ter sido o dobro do valor oficial, que não considerou, entre outros fatores, a marca Banespa e os créditos fiscais. 

A luta não acabou com a privatização

Vítimas da privatização, os banespianos continuaram lutando em defesa dos empregos e direitos, garantindo estabilidade no emprego por alguns anos e aposentadoria para milhares de funcionários. Também foi assegurada a manutenção até hoje do fundo de previdência (Banesprev) e da caixa de assistência à saúde (Cabesp), pois o edital de privatização previa o patrocínio do banco somente por 18 meses e 60 meses, respectivamente. 

"Para os trabalhadores e aposentados que foram à luta, o dia 20 de novembro deste ano marca 14 anos da privatização do Banespa e de continuidade da luta em defesa de empregos e direitos. É uma baita oportunidade para lembrar e homenagear milhares de homens e mulheres que acreditaram no valor de seus ideais, enfrentaram os governos tucanos e defenderam o banco como patrimônio público", salienta Ademir.

As entidades sindicais conquistaram um acordo aditivo à convenção coletiva dos bancários, que amplia direitos para os trabalhadores do Santander. "Na última terça-feira (18), após um dia nacional de luta, o banco melhorou a proposta para a renovação com avanços do aditivo e do Programa de Participação nos Resultados Santander (PPRS)", salienta o diretor da Contraf-CUT.

"Também queremos a melhoria do atendimento da Cabesp e a solução dos passivos do Banesprev", enfatiza Ademir. "Os participantes do Plano II estão arcando hoje com contribuições extraordinárias por conta de um déficit porque o Santander se nega a fazer o aporte do serviço passado", denuncia o dirigente sindical.

"Passados 14 anos, os banespianos nada têm a comemorar, mas podem erguer a cabeça porque resistiram e não abandonaram a luta em defesa dos empregos e direitos, por respeito aos aposentados e pela preservação do Banesprev e da Cabesp. A luta dos trabalhadores não acabou com a privatização e ainda sobrou muita garra, energia, bravura e dignidade para seguir batalhando", conclui Ademir.


Fonte: Contraf-CUT
EDITAL ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA


Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Presidente Venceslau e Região, inscrito no CNPJ/MF sob o nº 53.308.524/0001-00, Registro sindical nº 24440-019065/90-00, por seu presidente abaixo assinado, convoca todos os empregados do Banco Santander (Brasil) S.A, da base territorial deste sindicato, nos municípios de Santo Anastácio, Presidente Venceslau, Caiua, Presidente Epitácio, Teodoro Sampaio e Rosana/Primavera, para a assembleia geral extraordinária que se realizará dia 24/11/2014, às18h00m, em primeira convocação, e às 19h00m, em segunda convocação, no endereço à Rua Antonio Marques da Silva nº 2.245, Jardim Morada do Sol, Presidente Venceslau-SP, para discussão e deliberação acerca da seguinte ordem do dia:

1° - Discussão e votação da proposta de Acordo Aditivo à CCT  da categoria bancária;
2°- Discussão e votação da proposta de Programa da Participação nos Resultados (PPRS- 2014/2016), conforme o disposto na Lei 10.101 de 19.12.2000;
3° - Termo de Compromisso Banesprev e Termo de Compromisso Cabesp.


Presidente Venceslau-SP, 19 de novembro de 2014.



SIDNEI DE PAULA CORRAL
Presidente