terça-feira, 1 de novembro de 2016

Itaú discrimina bancários em agências digitais

Banco concedeu reajuste para parte dos líberos, excluindo funcionários que desempenham função idêntica; Sindicato cobra esclarecimentos sobre critérios utilizados e isonomia
Redação Spbancarios
31/10/2016


São Paulo – O artigo 461 da CLT (Consolidação das Leis de Trabalho) determina que trabalhadores com funções idênticas devam receber salários iguais. Entretanto, o Itaú está ignorando essa norma nas suas agências digitais. Recentemente, o banco reajustou em 15% o salário de parte dos líberos - profissional responsável por cobrar metas dos gerentes de contas e de relacionamento, além de auxiliar na venda de produtos – excluindo uma parcela dos funcionários que desempenham a mesma função.

“O líbero é o multitarefas da operação nas agências digitais. Quando o gerente de relacionamento se ausenta, por qualquer motivo, é o líbero que fica responsável por suas atribuições. Ajuda toda a equipe a bater as metas. Porém, quando a agência vai bem, quem fica com todo o reconhecimento são os gerentes. Ou seja, pelas especificidades do cargo de líbero, não é possível mensurar objetivamente o desempenho individual. Como então escolher um grupo específico para receber o reajuste?”, questiona o dirigente sindical e bancário do Itaú Fábio Pereira.

De acordo com o dirigente, em parte das agências digitais, quando o gerente é promovido a líbero, já recebe o salário da nova função acrescido do reajuste de 15%, enquanto outros profissionais, que já atuam no cargo, permanecem com o mesmo salário.

“Este tipo de situação cria um clima muito ruim entre os bancários. Vamos cobrar do Itaú esclarecimentos sobre os critérios utilizados para definir quem recebeu ou não o aumento e que, principalmente, conceda o reajuste para todos os líberos, assegurando assim isonomia salarial entre profissionais que desempenham funções idênticas”, conclui Fábio.
Fonte: Seeb SP

Santander fecha terceiro trimestre com lucro de R$ 5,3 bilhões e demite mais de 2,4 mil trabalhadores

Números revelam um crescimento de 6,7% em relação ao mesmo período de 2015. Mesmo com lucros altos, banco fecha 2.495 postos de trabalho

Fachada do Banco Santander
Fachada do Banco Santander
Na divulgação de seu balanço, o banco Santander anunciou um lucro líquido de R$ 5,350 bilhões no terceiro trimestre de 2016 - uma alta de 6,7% em relação ao mesmo período de 2015.
No trimestre o lucro líquido gerencial foi de R$ 1,8 bilhão, alta de 6,5% em relação ao 2º trimestre do ano. O retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio Anualizado (ROE) ficou em 12,9%, com crescimento de 0,1% em doze meses. O lucro obtido no Brasil representou 20% do lucro global que foi de € 4,606 bilhões (com queda de 22,5% em doze meses).
A Carteira de Crédito Ampliada do banco teve queda de 6,3% em doze meses e atingiu R$ 311 bilhões e as operações com pessoas físicas cresceram 6,8% em relação a setembro de 2015 e 1,9% no trimestre, chegando a R$ 88,4 bilhões. Já as operações com pessoas jurídicas alcançaram R$ 125,0 bilhões, com queda de 13,9% em doze meses.
Receita das despesas e tarifas
A receita com prestação de serviços mais a renda das tarifas bancárias cresceu 13,9% em doze meses, totalizando R$ 9,86 bilhões. As despesas de pessoal subiram 8,5%, atingindo R$ 6,38 bilhões. Assim, em setembro de 2016, a cobertura dessas despesas pelas receitas secundárias do banco foi de 154,56%.
 “É um absurdo o crescimento das despesas de prestações e serviços. O banco já cobra tarifas altas dos clientes e chama mais atenção ainda observar que estas taxas tiveram um crescimento de 13,9%. Além disso, o incremento de apenas 8,5% das despesas de pessoal + PLR é muito baixo, uma vez que na campanha nacional do ano passado conquistamos reajuste de 10% e no início deste ano o banco pagou a PLR cheia a todos os funcionários, isso só se explica por conta do fechamento de 2.495 postos de trabalho", destacou o secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT, Mario Luiz Raia.
Paraíso dos rentistas
O Santander divulgou que o lucro no Brasil representa 20% do seu lucro global, deixando para trás o Reino Unido e a Espanha. Ou seja, o Brasil é responsável pela maior parte do lucro do banco espanhol.
Cortes de postos de trabalho
Mesmo com lucros nas alturas, a holding encerrou o 3º trimestre de 2016 com 48.024 empregados, com fechamento de 2.495 postos de trabalho em relação ao mesmo período no ano passado. O número de agências se manteve no período.
Pequenas e média empresas
No segmento de pequenas e médias empresas houve queda de 10,0% e no segmento de grandes empresas, a queda foi de 15,1% em relação a setembro de 2015. O Índice de Inadimplência superior a 90 dias apresentou alta de 0,3 p.p. em doze meses, ficando em 3,5%. Apesar dessa alta, as despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD) apresentaram queda de 8,7%, totalizando R$ 9,3 bilhões.
O resultado do banco foi influenciado principalmente pelas contas relacionadas a câmbio (derivativos, câmbio e empréstimos e repasses), que geraram receitas de R$ 18,5 bilhões.
Clique aqui e veja a análise do Dieese do lucro do Santander.



Fonte: Contraf-CUT e Dieese

Cláusula 45ª da CCT 2016/2018 traz avanços nos direitos dos bancários afastados

Nova abordagem sobre "programa de retorno ao trabalho" atende a reivindicações históricas sobre o assunto


Contraf-CUT
Mesa Bipartite de Saúde do Trabalhador, reunião realizada em julho - Contraf-CUT
Mesa Bipartite de Saúde do Trabalhador, reunião realizada em julho
A cláusula 45ª, que foi introduzida na CCT 2016/2018, traz importantes avanços e responde a um forte debate e reivindicações feitas pelos bancários sobre o assunto nos últimos anos. Refere-se a “programa de retorno ao trabalho”, no lugar de “programa de reabilitação profissional”, como contava da antiga cláusula 44ª e traz mudanças significativas no seu conteúdo e na sua abordagem a partir de agora.
O público alvo foi limitado exclusivamente para trabalhadores que tenham a cessação de benefício previdenciário ou aposentadoria por invalidez. Anteriormente havia possibilidade de os bancos convocarem trabalhadores que ainda se encontravam afastados do trabalho pelo INSS
“As mudanças são extremamente importantes para a luta em defesa da saúde dos trabalhadores, uma vez que define o público alvo, garante a participação dos sindicatos e coloca a matéria adequadamente em uma relação bipartite, entre patrões e empregados”, destaca Walcir Previtale.

O processo negocial referente a antiga cláusula 44ª da CCT foi longo e extenso
A cláusula que trata do Programa de Reabilitação Profissional (cláusula 44ª da antiga CCT), entrou para a convenção coletiva em 2009 e ficou sem efeitos práticos por quatro anos, considerando o desinteresse dos bancos pela matéria.  Em 2013, a Contraf-CUT iniciou um debate sobre o aprimoramento da cláusula, envolvendo os sindicatos e federações e o tema foi pauta da mesa paritária nos anos seguintes e nas negociações da Campanha Nacional 2015, voltou para a mesa bipartite em 2016, foi discutida novamente na Campanha Nacional de 2016.
Desde o início dos debates com a FENABAN, a tese defendida pela Contraf-CUT era que a reabilitação profissional não poderia ser tratada em uma mesa bipartite, entre patrão e empregados, considerando que a matéria trata de saúde pública e que se relaciona com a Seguridade Social. Logo, o que tínhamos representatividade e autonomia para negociar seria os programas de retorno ao trabalho, que devem regular quais as condições de retorno dos empregados quando da cessação de algum benefício previdenciário.
 “O que começamos a perceber foram iniciativas unilaterais dos bancos, implementando programas totalmente desvirtuados do conceito de reabilitação profissional plena, sem negociação com a representação dos trabalhadores e atropelando as regras mínimas dispostas na antiga cláusula 44ª da CCT”, explica Walcir Previtale, secretário de saúde do trabalhador da Contraf-CUT.
Na campanha de 2014, após intensos debates, os bancários conquistaram uma importante alteração no parágrafo 3º da cláusula 44ª, incluindo, a partir daquele momento, a representação dos trabalhadores na implementação e participação nos referidos programas. Mas o título da cláusula continuava equivocado – tratando de reabilitação profissional – e ainda havia problemas relativos ao público alvo que deveria participar dos programas dos bancos.
Para a Contraf-CUT valem os princípios dos Direitos Humanos, logo, há de se respeitar aquele trabalhador que se encontra afastado pelo INSS para tratamento de sua saúde, ou seja, os bancos não devem convocar trabalhadores afastados para comparecer ao banco, para fazer entrevistas com assistentes sociais designados pelas empresas e assim por diante.

Veja o que mudou:  
Título da cláusula
Antes: Programa de Reabilitação Profissional
Agora: Programa de Retorno ao Trabalho
Público alvo
Antes: dava margem para os bancos convocarem trabalhadores em licença médica/afastados.
Agora: possibilidade extinta. Somente farão parte do programa de retorno ao trabalho aqueles empregados com cessação do auxílio doença ou suspensão de aposentadoria por invalidez.  

Fonte: Contraf-CUT

Itaú tem rentabilidade de 20%, lucra R$16,3 bi, mas corta 2.753 postos de trabalho

Banco fechou 207 agências em doze meses

31/10/2016
Itaú reduz funcionários  e cria agências virtuais
Itaú reduz funcionários e cria agências virtuais
O Banco Itaú divulgou balanço do terceiro trimestre, nesta segunda-feira (31), em que apresenta lucro líquido de R$ 5,394 bi. Nos nove primeiros meses de 2016, o lucro líquido recorrente do banco foi de R$ 16,3 bilhões. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio anualizado foi de 20,0%, com redução de 4,5 pontos percentuais em doze meses. Mesmo com altíssimo patamar de rentabilidade - muito acima do que se verifica no sistema financeiro internacional - e lucrando muito em meio a profunda crise econômica que o país atravessa, o banco continua a fechar agências e a demitir funcionários. Nos últimos doze meses foram cortados e 2.753 postos de trabalho e 207 agências foram fechadas no período.
Segundo a análise do Dieese, a cobertura das despesas de pessoal pelas receitas secundárias do banco foi de 151,2%. As receitas com prestação de serviços mais a renda das tarifas bancárias cresceram 8,8% em doze meses e somaram R$ 24,6 bilhões.
 “O banco domina o mercado brasileiro, cresce internamente e na América Latina, sua rentabilidade é altíssima, conforme mais uma vez demonstrado no último balanço, mas reduz postos de trabalho nas agências de “tijolo” o que aumenta a pressão e piora as condições de trabalho. A decisão de investir em agências virtuais reduz o emprego, enquanto há sobrecarga de trabalho para os bancários e atendimento ruim para a população”, afirma Jair Alves, coordenador da COE-Comissão de Organização dos Empregados.
Veja aqui a integra da análise do Dieese do balanço do Itaú.
Fonte: Contraf-CUT