quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

HSBC reconhece necessidade de negociação efetiva; PLR não terá desconto.

  
Crédito: Jailton Garcia/Contraf-CUT
Jailton Garcia/Contraf-CUTNegociação com HSBC nesta terça-feira (19)

A Contraf-CUT, federações e sindicatos retomaram processo de negociação com o HSBC nesta terça-feira (19) e criticaram as ações unilaterais tomadas pelo banco, especialmente em relação ao Plano de Saúde, ao Programa de Participação nos Resultados (PPR) próprio do banco, além da implementação da Previdência Complementar, elaborada sem a participação do movimento sindical e que exclui a maior parte dos funcionários.

Depois de uma série de reuniões sem que o HSBC apresentasse efetividade nas propostas, os representantes do banco reconheceram a necessidade de um processo negocial mais efetivo. Entre os representantes do banco estiveram o seu presidente, André Brandão, e o diretor de recursos Humanos para América Latina, João Rached. 

"Nossa posição sobre o descaso do banco na efetividade do processo de negociação foi contundente e seus representantes reconheceram isso, tanto que colocaram peso na reunião e seu presidente esteve presente ao final dela", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT. "O banco assumiu esse compromisso e agora está com o HSBC a responsabilidade de tornar esse processo sério e com retornos efetivos aos bancários". 

PLR sem desconto

O banco anunciou que pagará integralmente a PLR, regra básica mais adicional no valor próximo ao pago na primeira parcela, cerca de R$ 600. O pagamento será efetivado em 27 de fevereiro. "O valor exato, porém, depende do fechamento do balanço do banco, que será publicado até início de março", alerta Carlos Alberto Kanak, coordenador nacional da COE do HSBC.

O banco confirmou, portanto, que o pagamento do programa próprio de remuneração (PPR Vendas/PPR Atendimento) será feito sem o desconto na PLR, entretanto este valor terá redução de 15 a 20%, comparativamente ao ano passado, em razão de não ter atingido o fator de cumprimento dos 100% da performance coletiva e pela alta PDD (Provisões para Devedores Duvidosos), que somente no primeiro semestre de 2012 foi três vezes maior do lucro líquido. 

"O não desconto da PLR é um avanço, mas é importante que o banco abra as informações sobre o balanço, já que a PDD impacta negativamente na PLR dos bancários. Cobramos que o HSBC torne público estas informações para que possamos verificar como está sendo efetuado o pagamento", afirma Kanak.

Descaso com a Saúde do Trabalhador

O banco fez alterações unilaterais no plano de saúde em janeiro prejudiciais para os funcionários, retirando direitos do pessoal da ativa e dos aposentados.

"Além dos reajustes que encarecerão o custo dos trabalhadores, o banco está criando uma nova divisão entre os bancários: os que são beneficiados pela Lei Federal nº 9.656/98 e têm direito a manutenção do plano de saúde (seis meses a dois anos) por contribuírem mensalmente e os que não terão a chance de contribuir e, por isso, não poderão usufruir da manutenção para além do que determina a convenção coletiva (máximo de 270 dias)", alerta Alan Patrício, secretário de Assuntos Jurídicos da Contraf-CUT.

Durante a reunião, os representantes do banco apresentaram as mudanças feitas no plano em detalhes. "As modificações definitivamente não garantem melhorias ou a manutenção da qualidade do plano", critica kanak. 

A proposta do movimento sindical é a suspensão das mudanças e o início do processo de negociação. "Além disso, nossa proposta da universalização do serviço, comprometimento percentual da renda do funcionário e progressividade no pagamento", detalha o coordenador na COE. 

Há sete anos o banco não negocia melhorias no plano de saúde com o movimento sindical. "Até 2005 havia uma negociação sistemática para discutir temas como reajuste, melhorias e ampliação dos benefícios no plano. De lá para cá não houve mais negociação e as mudanças são feitas unilateralmente", critica Alan. 

O banco deve avaliar as propostas e uma nova reunião foi marcada para a primeira quinzena de março para tratar sobre o assunto. 

Presença

Estiveram presentes representantes dos bancários de todas as federações e dos maiores sindicatos do país. 

Já o HSBC esteve representado ainda pelos diretores de RH Benefícios, Gilson Pessoa, RH Remuneração, Antenor Castro, Diretora de RH, Vera Saicali, Diretoria de Relações Sindicais, Antonio Carlos e Gilmar Lepchak. 


Fonte: Contraf-CUT

Caixa tem maior expansão de crédito do mercado e lucra R$ 6,1 bi em 2012

19/02/2013

TONI SCIARRETTA

No ano em que acirrou a disputa com os bancos privados, a Caixa Econômica Federal teve lucro de R$ 6,1 bilhões, resultado 17,1% maior do que no ano anterior e recorde histórico do banco estatal.

O banco público terminou 2012 com crescimento de 42% na carteira de crédito, que atingiu R$ 353,7 bilhões. De longe, foi a maior expansão de crédito do mercado em 2012, que cresceu em média 15% no ano passado.

"O banco assumiu a liderança do processo de redução de juros", disse Jorge Hereda, presidente da Caixa.

Segundo Hereda, a Caixa elevou sua participação de mercado no crédito de 12,3% para 15% no ano passado. Para 2013, a Caixa espera elevar essa participação para 18% e expandir o saldo das operações de financiamento em 35%.

O resultado da Caixa destoa do dos bancos privados, que tiveram queda ou ficaram praticamente empatados com o lucro do ano anterior devido ao aumento da inadimplência e, consequentemente, das provisões para calotes.

JUROS

Há quase um ano, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil deram início à redução dos juros, atendendo a orientação do governo federal de ampliar o crédito ao consumo e evitar uma desaceleração ainda maior da economia.

Operando numa velocidade muito maior que os concorrentes privados, que preferiram a moderação diante de um cenário de aumento da inadimplência, BB e Caixa viram suas fatias de mercado no crédito aumentarem em 2012.

INADIMPLÊNCIA

Na Caixa, a inadimplência ficou em 2,08% da carteira --uma das menores do mercado, explicada pela maior concentração do crédito imobiliário (o banco tem 70% do crédito imobiliário do país) que historicamente tem baixo índice de calote.

Em nota, o banco informou que "observa com rigor as melhores práticas de gestão de risco, as quais garantiram a manutenção em 2,08% do índice de inadimplência, praticamente o mesmo patamar apresentado ao final de 2011".

Ainda segundo a nota, no ano, 6,7 milhões de novos correntistas e poupadores iniciaram relacionamento bancário com o banco. Apenas correntistas no segmento de pessoas físicas foram 3,1 milhões, enquanto no segmento de pessoas jurídicas foram 350 mil. Dessa forma, a base de clientes totalizou 65,2 milhões, uma evolução de 11,4% em relação ao ano anterior.

O ano de 2012 foi marcado por forte investimento na expansão da rede de atendimento. Dos R$ 3,2 bilhões investidos, foram aplicados R$ 1,0 bilhão na abertura de 653 novas unidades --559 agências e 94 postos de atendimento (PA)-- e outros R$ 2,2 bilhões na infraestrutura de suporte aos negócios.

Foram contratados 11 mil novos empregados, aumentando o quadro de pessoal próprio para 93 mil colaboradores.

CARTEIRA DE HABITAÇÃO

A carteira imobiliária do banco apresentou saldo de R$ 205,8 bilhões em dezembro de 2012, aumento de 34,6% comparado ao ano de 2011. As operações com recursos da poupança somaram R$ 108,3 bilhões e, nas linhas que utilizam os recursos do FGTS, a Caixa alcançou R$ 97,3 bilhões, crescimentos de 36,7% e de 32,6%, respectivamente.

A contratação imobiliária atingiu R$ 106,7 bilhões, um crescimento de 33,3% em relação ao mesmo período de 2011. Desse total, R$ 46,7 bilhões foram realizados com recursos da poupança (SBPE) e R$ 38,7 bilhões nas linhas que utilizam o FGTS.

No programa Minha Casa Minha Vida, desde o seu lançamento em 2009 até o final de 2012, a Caixa contratou 2,1 milhões de novas moradias, totalizando R$ 134,5 bilhões. Destas contratações, já foram entregues aos beneficiários mais de 1 milhão de unidades habitacionais, beneficiando cerca de 4,1 milhões de pessoas.

CAPTAÇÕES DE RECURSOS

Em 2012, os depósitos atingiram saldo de R$ 319 bilhões, com destaque para a Poupança, com saldo de R$175,6 bilhões e captação líquida de R$ 15,6 bilhões, 37,9% superior ao volume registrado em 2011. Os depósitos a prazo captaram R$ 22,8 bilhões no período totalizando R$ 96,5 bilhões.

Com 22,6 milhões de contas, os depósitos à vista alcançaram saldo de R$ 27,4 bilhões. Dessas contas, 20,9 milhões são de pessoas físicas, sendo 9,8 milhões na modalidade Caixa Fácil, que não cobra tarifas. Somente neste ano, foram abertas cerca de 1,8 milhão de contas CAIXA Fácil.

As Letras Imobiliárias e Financeiras apresentaram captação líquida de R$ 21,4 bilhões e saldo de R$ 49 bilhões. Em novembro, foi lançada a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), que em apenas dois meses captou cerca de R$ 1 bilhão.

Alinhada à estratégia de expansão da sua base de clientes e negócios e ampliando ainda mais suas fontes de recursos, a CAIXA inaugurou sua participação no mercado internacional de capitais e emitiu US$ 1,5 bilhão em bônus no exterior, dos quais US$ 1,0 bilhão para o prazo de cinco anos e US$ 500 milhões para o prazo de dez anos.

Ao final de 2012, o patrimônio administrado dos fundos de rede, exclusivos, estruturados e carteiras era de R$ 398,2 bilhões, acréscimo de 22,3% em relação a 2011. Somente os fundos de rede e exclusivos somaram R$ 198,1 bilhões, crescimento de 29,9% frente ao mesmo período do ano anterior.
Fonte: Folha de S.Paulo