Acordo de dois anos garante reajuste acima da
inflação e outros direitos aos bancários
INPC de setembro de 2016 a agosto de 2017, ficou em
1,73%, segundo dados divulgados pelo IBGE; categoria é uma das poucas que
obteve aumento real.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta
quarta-feira (6) o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de agosto. A
variação no mês foi negativa de - 0,03%. Com isso, o acumulado nos últimos 12
meses ficou em 1,73%. O reajuste da categoria bancária será de 2,75%.
“No ano passado conseguimos prever esta conjuntura de ataques aos
trabalhadores e seus direitos que estamos enfrentando e fizemos um acordo de
dois anos. Somente por isso conseguimos aumento real de 1%. Esta não é a
realidade da maioria das categorias e, entre as empresas públicas, os bancários
serão, possivelmente, a única categoria que obterá aumento real neste ano”,
disse Roberto von der Osten, presidente da Confederação Nacional dos
Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
Segundo levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) entre 300 categorias 30 tiveram
reajustes abaixo da inflação, para 91 foi igual ao INPC, 107 categorias
conseguiram apenas 0,5% acima da inflação e 38 categorias entre 0,51% e 1%
acima da inflação.
Aumento real
Os bancários conquistaram o aumento real de 1% depois de uma longa greve
de 31 dias, em um acordo de dois anos. Para 2017, o reajuste vai repor
integralmente a inflação (INPC/IBGE) e garantir mais 1% de aumento real nos
salários e em todas as verbas.
Em maio, o secretário de Coordenação e Governança das Empresas Estatais
(Sest), do Ministério do Planejamento, Fernando Antonio Soares, anunciou que o
Governo Federal tem a meta de demitir 20 mil funcionários públicos federais em
2017 e disse que os bancários, possivelmente serão a única categoria entre os
trabalhadores de empresas públicas que terão reajuste salarial acima da
inflação em decorrência do acordo de dois anos.
Desde 2004, os bancários conquistam aumento real de salários. Neste ano,
o reajuste de 1% acima da inflação deve ser ressaltado não apenas pelo momento
histórico do país, mas também por vir em um tempo de deflação, enquanto em anos
anteriores o reajuste acabava sendo corroído pela inflação.
Defesa do emprego
Outro avanço obtido com o acordo de 2016 foi a criação dos Centros de
Realocação e Requalificação Profissional, previstos na cláusula 62 da Convenção
Coletiva de Trabalho da Categoria. Os bancos deverão criar estes centros para,
ao invés de demitir funcionários, requalificá-los e realocá-los em outros
postos de trabalho. O direito foi acrescentado na CCT da categoria nas
negociações de 2016 e a redação da cláusula foi aprovada na última reunião
entre o Comando Nacional dos Bancários e Federação Nacional dos Bancos
(Fenaban).
Uma das prioridades dos bancários deste ano é a defesa do emprego. O
Comando Nacional dos Bancários entregou à Fenaban uma proposta de Termo de
Compromisso com 21 pontos para proteção de empregos, de direitos históricos e
de delimitação dos atos nocivos que podem advir da nova Lei Trabalhista (Lei
13.467/2017) e da Lei de Terceirização (Lei 13.429/2017) e de outras que ainda
tramitam no Congresso Nacional. A Fenaban vai discutir o termo com os bancos
para dar a resposta à Contraf-CUT.
PLR e vales
O reajuste de 2,75% também será válido para a PLR dos bancos privados e
vales refeição e alimentação, além do auxílio creche/babá.
Os novos valores já são válidos para os salários referente ao mês de
setembro, a serem pagos em outubro. Já a PLR deve ser paga até o dia 30 de
setembro. A Contraf-CUT já solicitou aos bancos a antecipação do pagamento.
Atendendo à solicitação, o Banco do Brasil, que tem um programa próprio de PLR,
que independe do índice, já efetuou o pagamento da PLR aos funcionários no dia
31/08.
O acordo de dois anos também garantiu o abono dos 31 dias de
paralisação, sem a necessidade de compensação.