terça-feira, 28 de agosto de 2012

Descomissionamentos arbitrários e assédio moral: marcas da gestão no BB.


No Boletim Pessoal 50, publicado nesta terça-feira 28, no Blog Negociação Coletiva BB, o Banco do Brasil nega a ocorrência de descomissionamentos arbitrários e práticas de assédio moral no interior da instituição.
Conforme texto assinado pelo Diretor de Relações com Funcionários e Entidades Patrocinadas, Carlos Eduardo Leal Neri, neste ano, o banco teria descomissionado 240 funcionários por interesse do serviço, sendo 102 decorrentes de ação disciplinar e os outros 138 por ato de gestão (0,21%). Números que, segundo o boletim, seriam equivalentes aos de anos anteriores e irrisórios frente às 8.325 ascensões profissionais realizadas no 1º semestre de 2012.
Os argumentos, no entanto, não coincidem com a realidade vivida pelos funcionários em seus locais de trabalho. Embora, não seja possível constatar a veracidade dos números, são muitas as denúncias de bancários que estão sendo descomissionados pelo não cumprimento das metas abusivas.
O que se tem visto é uma gestão focada no medo e no curto prazo e com desrespeitos às regras do GDP (Gestão de Desempenho Profissional), o qual estabelece três avaliações negativas sucessivas para qualquer descomissionamento.
Até os gerentes gerais já estão sob ameaças de descomissionamentos pelo não cumprimento da etapa Ouro do Sinergia BB, programa de metas lançado no início de 2012, com foco em ranking individual.
Como se não bastasse tudo isso, o BB ainda passa por cima do TAO, banco de talentos e de oportunidades para remanejamento de cargos. Em outras palavras, os funcionários inscritos estão sendo preteridos em prol de protegidos das chefias e gerências, ironicamente chamados de o TAL do indicado.
“Como consequência desse modelo de gestão, estão surgindo fraudes contra o consumidor, a exemplo das denúncias já veiculadas na grande imprensa, como os empréstimos creditados em contas correntes no Acre, no final de 2011, e renovações de pacotes de serviços sem a devida autorização de correntistas em Araraquara, Atibaia, São Paulo e Minas Gerais, onde foi instaurada auditoria interna, resultando em descomissionamentos sem que fosse apontada a origem do problema”, relata Cláudio Luis, diretor de Bancos Federais da FETEC-CUT/SP. 
Para ocorrências como essas, assim como as práticas de assédio moral, o banco alega tratarem-se de casos isolados de desvios individuais de conduta funcional, para os quais está sendo dado efetivo tratamento. “O problema, no entanto, é institucional. Não adianta punir quem está na ponta da linha sem que seja revisto todo o modelo de gestão da empresa. As metas vêm de cima e a instituição faz vistas grossas sobre as formas de cumprimento. É um modelo que precisa mudar”, avisa Cláudio Luis.

Fonte: Seeb-SP - Lucimar Cruz Beraldo