sexta-feira, 13 de maio de 2011

ITAU REESTRUTURA GESTORA E INTEGRA TIME COM EQUIPE DO UNIBANCO

Demosthenes, Paulo Corchaki, Alexandre Mathias, Roberto Nishikawa, Patha, Siniscalchi, Araújo e Nagai: especialistas em cada tipo de ativo e estratégia
A fusão do Itaú com o Unibanco não juntou apenas dois dos maiores bancos do país. Na gestão de recursos de terceiros, as duas instituições já eram grandes e, juntas, se transformaram na segunda maior asset do país, com R$ 243,3 bilhões sob gestão, segundo dados de março da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Para cuidar de todo esse dinheiro sem perder o foco, a asset acaba de passar por uma reestruturação, com a ajuda da consultoria McKinsey.
O comando da asset está nas mãos do ex-diretor do Banco Central Demosthenes Madureira de Pinho Neto, que já era o executivo responsável pela gestora do Unibanco. Uma das mudanças é que todas as áreas relacionadas à administração de recursos de terceiros - gestão, distribuição, produtos, fundos de fundos, fundos exclusivos e fundos institucionais - ficarão concentradas sob a batuta de Demosthenes. Até então, no Itaú as áreas eram separadas e dirigidas por executivos diferentes. "Para todos falarem a mesma língua, é importante os setores fazerem parte de uma mesma estrutura, com uma única orientação", diz Demosthenes.
Já a gestão de fundos nessa nova estrutura está separada em cinco unidades, conforme o tipo de ativo. São elas: área de gestão de renda fixa, sob o comando de Ronaldo Patah, vindo do Unibanco; área de crédito, tendo à frente Ricardo Araújo, já dos quadros do Itaú; e o segmento de fundos mais arrojados, como os multimercados e outros alavancados (batizados de High Alpha), a cargo de Marcello Siniscalchi, como já ocorria no Itaú. As outras duas áreas são a de renda variável, sob o controle de Gilberto Nagai, vindo da asset do BNP Paribas; e por fim o segmento de fundos passivos, comandado por Tatiana Grecco, do Itaú.
Para Demosthenes, a separação por tipo de ativo é importante para que haja foco e dedicação na gestão de recursos. "A concentração no comando geral da asset não vale para a gestão dos recursos em si; cada ativo tem o seu mercado e a sua peculiaridade, portanto, precisam de cérebros diferentes debruçados sobre eles", diz o diretor-executivo. Ele acredita que, pelo tamanho da asset do Itaú Unibanco, é muito fácil perder o foco se não houver algum tipo de segmentação.
Além das cinco unidades de fundos mútuos, há também uma área independente de fundos exclusivos, uma de fundos de fundos e uma terceira que cuida dos investimentos dos fundos de pensão dos funcionários dos bancos adquiridos pelo Itaú Unibanco. Segundo Demosthenes, essa segregação é primordial para que não haja contaminação entre a gestão dos fundos mútuos da asset e as demais carteiras. Ele lembra que existem várias assets importantes no mundo com essa estrutura, de comando concentrado e gestão segmentada.
Todas as áreas de gestão, no entanto, usam a mesma estrutura de pesquisa macroeconômica, de indicadores quantitativos, e a mesma mesa de operações. Para Demosthenes, a parte operacional centralizada facilita o controle dos riscos assumidos por todas as áreas de gestão e, consequentemente, do risco total da asset, impedindo surpresas desagradáveis. "Com essa estrutura, ficamos com o comando e a parte operacional centralizados e o cérebro de cada tipo de gestão segmentado", resume o executivo.
No Brasil, os planos da asset do Itaú Unibanco são de se consolidar como a segunda maior gestora de recursos do país. Hoje a asset do Itaú está bem à frente do terceiro colocado, o Bradesco, com R$ 204,8 bilhões sob gestão, segundo dados da Anbima. O Itaú também quer se tornar uma gestora importante na América Latina, mas que a princípio deve ocorrer apenas com crescimento orgânico. "Por enquanto, não temos no radar aquisições na região", completa Demosthenes.

Fonte: Valor Econômico