São Paulo - “É inviável pensar em reajustes com base em índices proporcionais ao crescimento do resultado”. O trecho integra correspondência enviada pelo diretor de relações com funcionários e entidades patrocinadas do Banco do Brasil, Carlos Eduardo Leal Neri, a todos os bancários da instituição financeira.
A carta, enviada aos trabalhadores na tarde de quinta 15, versa sobre o Acordo Coletivo 2011, aditivo à CCT negociada entre a federação dos bancos (Fenaban) e o Comando Nacional dos Bancários, onde também se admitia que “o resultado do Banco do Brasil no primeiro semestre deste ano foi realmente muito bom e sabemos que foi alcançado graças ao trabalho árduo da corporação como um todo”.
No primeiro semestre de 2011 o BB lucrou R$ 6,3 bilhões. Somente com as receitas de prestação de serviços, que acumularam R$ 8, 5 bilhões, foi possível custear todos os seus gastos com pessoal, que foi de R$ 6,6 bilhões. Apesar disso a correspondência declarava que “não existem sobras no lucro do banco”.
O documento gerou indignação de trabalhadores que enviaram diversos e-mails ao Sindicato, denunciando a intransigência do banco. Para piorar, a carta chega em plena Campanha Nacional Unificada 2011 e demonstra o espírito dos banqueiros frente à mesa de negociação.
Enviada um dia após a segunda rodada de negociação específica entre o Comando Nacional dos Bancários e a direção do BB, a carta tentava sensibilizar os bancários – a quem chamam de ‘colega’ – pedindo competitividade a fim de agradar os acionistas com um eficaz “gerenciamento das despesas”.
> Leia a íntegra da carta enviada pela direção do BB aos funcionários
A carta, enviada aos trabalhadores na tarde de quinta 15, versa sobre o Acordo Coletivo 2011, aditivo à CCT negociada entre a federação dos bancos (Fenaban) e o Comando Nacional dos Bancários, onde também se admitia que “o resultado do Banco do Brasil no primeiro semestre deste ano foi realmente muito bom e sabemos que foi alcançado graças ao trabalho árduo da corporação como um todo”.
No primeiro semestre de 2011 o BB lucrou R$ 6,3 bilhões. Somente com as receitas de prestação de serviços, que acumularam R$ 8, 5 bilhões, foi possível custear todos os seus gastos com pessoal, que foi de R$ 6,6 bilhões. Apesar disso a correspondência declarava que “não existem sobras no lucro do banco”.
O documento gerou indignação de trabalhadores que enviaram diversos e-mails ao Sindicato, denunciando a intransigência do banco. Para piorar, a carta chega em plena Campanha Nacional Unificada 2011 e demonstra o espírito dos banqueiros frente à mesa de negociação.
Enviada um dia após a segunda rodada de negociação específica entre o Comando Nacional dos Bancários e a direção do BB, a carta tentava sensibilizar os bancários – a quem chamam de ‘colega’ – pedindo competitividade a fim de agradar os acionistas com um eficaz “gerenciamento das despesas”.
> Leia a íntegra da carta enviada pela direção do BB aos funcionários
Colega,
Iniciamos na última semana o debate com as entidades sindicais
para a construção de nosso Acordo Coletivo em 2011, documento
aditivo à Convenção assinada junto à Fenaban. Um período rico em
termos de negociação - marcado pelo fortalecimento do diálogo - e
também em termos de expectativas das partes envolvidas -
Empresa, sindicatos e funcionários – em torno da obtenção do
melhor acordo.
O resultado do Banco no primeiro semestre deste ano foi realmente
muito bom e sabemos que foi alcançado graças ao trabalho árduo da
corporação como um todo. Lucro crescente, é natural que se crie a
expectativa de que essa elevação se reverta, na mesma proporção,
em benefícios para o funcionalismo. E isso já acontece
principalmente sob forma de PLR, cujo modelo adotado pelo Banco é
paradigma no setor financeiro.
Junto com o valor destinado ao pagamento da PLR aos funcionários,
cresce também a quantia distribuída aos mais de 400 mil acionistas.
Aumenta o recurso destinado a novos investimentos na própria
Empresa, necessários para suportar sua expansão. E eleva-se o
valor – maior parte - que volta aos cofres públicos do Governo
Federal, nosso acionista majoritário, para investimentos no País.
Essa matemática mostra, na prática, o quanto é inviável pensar em
reajustes com base em índices proporcionais ao crescimento do
resultado, discurso muitas vezes disseminado pelos dirigentes
sindicais.
Não existem sobras no lucro do Banco e qualquer benefício significa,
na verdade, aumento no dispêndio da Empresa. Precisamos ser
competitivos no mercado em que atuamos, inclusive no que diz
respeito ao gerenciamento das despesas, e essa eficiência nos é
cobrada pelos acionistas, que investem seu capital no BB. Por isso,
trabalhamos com o oferecimento de índices e benefícios que
garantam, antes de mais nada, a sustentabilidade da Empresa.
Soma-se a isso o cenário macroeconômico brasileiro, além da clara
preocupação do Governo Federal no que diz respeito às contas
públicas, e a conclusão a que chegamos é a de que teremos
dificuldades em oferecer, neste ano, benefícios além do que for
acordado para toda a categoria bancária na mesa Fenaban - da
forma como, aliás, temos feito nos últimos sete anos. O que for
acordado nessa mesa com as entidades sindicais, no entanto, será
cumprido integralmente.
Por esses motivos, convidamos todos os colegas a terem um olhar
mais amplo e observarem tudo o que foi conquistado nos últimos
anos, e não somente as circunstâncias atuais. Esperamos que o
funcionalismo resgate os avanços e considerem os passos à frente
que temos dado, que podem ser sintetizados nas principais
conquistas abaixo relacionadas:
a. ABONO ASSIDUIDADE para os funcionários pós-98;
b. ACESSO ao PAS (Programa de Assistência Social) para os
funcionários pós-98;
c. UNIVERSALIZAÇÃO dos programas de Educação Corporativa
(graduação, especialização, MBA, mestrado, doutorado);
d. MELHORIA do programa de Participação nos Lucros e Resultados
(PLR);
e. CRIAÇÃO do VCP-LER para o caixa executivo;
f. PLANO ODONTOLÓGICO para 100% dos funcionários;
g. PRIMEIRA empresa a aderir à ampliação da licença maternidade
para 180 dias, estendendo até à licença adoção;
h. LICENÇA adoção de 30 dias para casais homoafetivos do sexo
masculino;
i. INCLUSÃO do companheiro(a) homoafetivo como dependente da
CASSI;
j. CRIAÇÃO da carreira de mérito no Plano de Carreira e
Remuneração – PCR;
k. CRIAÇÃO do programa PRÓ-EQUIDADE de Gênero;
l. PAVAS (Programa de Assistência a Vítimas de Assalto e
Seqüestro);
m. AMPLIAÇÃO do quadro de pessoal a partir de 2003 em cerca de
40%. Só nos últimos 3 semestres houve 15 mil CONTRATAÇÕES;
n. CRIAÇÃO da Ouvidoria Interna e CRIAÇÃO/ IMPLANTAÇÃO dos
Comitês de Gestão da Ética;
o. Implantação do SESMT;
p. ÚNICA empresa a INCORPORAR outras SEM uma DEMISSÃO
sequer, e garantindo direitos;
q. PRIMEIRA empresa das AMÉRICAS e SEGUNDA instituição
financeira do MUNDO a assinar acordo internacional se
comprometendo a RESPEITAR o DIREITO à NEGOCIAÇÃO
COLETIVA e à SINDICALIZAÇÃO, onde estiver instalada;
r. Possibilidade de substituição dos primeiros gestores da rede, além
de todos os comissionados de agências com até sete funcionários;
s. REAJUSTES de 2003 a 2010:
i. Inflação acumulada = ................65,60%
ii. Reajuste Geral FENABAN = .....75,09%
iii. Reajuste Piso BB/PCS.............100,09%
São fatos. Não dá para ignorar tudo e imaginar que não avançamos.
Muito do que já é uma realidade para os funcionários do BB ainda é
reivindicado para os demais bancos do sistema através de pautas
entregues à Fenaban. Estamos dispostos ao diálogo e aquilo cuja
decisão depender exclusivamente da Empresa, sem contrariar a
orientação do acionista majoritário, o Banco terá a maior boa
vontade em analisar a possibilidade de atendimento.
Queremos estender esse debate realizado com as entidades
sindicais para todo o corpo funcional. Pela primeira vez em um
período de negociação nós temos um blog para que os funcionários
possam interagir de forma cordial, respeitosa e construtiva com a
equipe que conduz o processo no BB. Amanhã, dia 16, teremos
também um programa Ponto a Ponto na TVBB, ao vivo, a partir
das 9 horas. Discuta com sua equipe, coloque suas dúvidas sobre o
período no papel e participe, enviando suas perguntas para o
programa. Ajude-nos na discussão de propostas que sejam boas
para todos e que sejam responsáveis no que diz respeito ao
crescimento sustentável da Empresa. Contamos com sua
participação!
Carlos Eduardo Leal Neri
Diretor de Relações com Funcionários e Entidades Patrocinadas
O diretor do Sindicato Cláudio Luis de Souza informou que os representantes do banco chegaram a ameaçar, durante negociação do dia 14, com a retirada de cláusulas do acordo aditivo, além de não apresentarem nenhuma proposta às reivindicações entregues pelos trabalhadores há mais de um mês. “Queremos negociar com seriedade e não estamos percebendo a mesma postura do banco. Isso mostra que os bancários terão de ampliar a mobilização para fazer com que a empresa negocie com seriedade”, afirmou o dirigente.
Licença para assediar - Outro pronunciamento do banco que revoltou os trabalhadores foi postado no blog criado pelo BB especificamente para tratar sobre a negociação coletiva. “O banco, por exemplo, não pretende renovar a cláusula de três avaliações negativas para a possibilidade de descomissionamento por desempenho. Ela não tem se demonstrado eficaz para a gestão”, declarou placidamente o negociador do banco, José Roberto Mendes do Amaral. “É como se o banco dissesse: ‘trabalhador, queremos retirar uma cláusula que protege você para poder ameaçar, torturar, assediar com descomissionamentos caso não cumpram as nossas metas altíssimas’. É um absurdo se pensar nisso. Como se o bancário já não estivesse exposto a pressões desumanas”, indigna-se a secretária geral do Sindicato, Raquel Kacelnikas.
Ela explica que o banco, além de não cumprir o que foi acordado no aditivo que está em vigor, ainda planeja retirar direitos, desvalorizando seus trabalhadores que, como admite a própria carta, foram os principais responsáveis pelos ótimos resultados do último semestre. “Os trabalhadores de empresas incorporadas não tem direito à Cassi e a Previ e o plano odontológico levou anos para ser incluído, mas ainda precisa ser melhorado”, enumera.
Raquel afirma que boa parte das reivindicações dos bancários não é onerosa para o banco. “A questão do assédio moral, das metas abusivas, do descomissionamento e perda de função em caso de afastamentos médicos, por exemplo, não se justificam”.
Fonte: Seeb-SP