Assim que foi publicado o artigo intitulado ”Chefe Chato: fator de risco” recebi uma enxurrada de e-mails. Nas empresas, nos eventos e pasmem, até em empresas que atendo fora do país fui abordada por várias pessoas em cargo de comando que contavam sua estória e me perguntavam: “Eu sou Chefe ou sou Líder?” Aos que se fazem esta pergunta posso tranqüliza-los: se você se preocupou em questionar e analisar seu comportamento: Parabéns! Possivelmente você é líder.
Me causou grande contentamento constatar que muitos já estão preparados para aceitar este fato pois, se preocuparam com ele. Isto é uma grande prova de que em muitas empresas e em muitas pessoas já existe um processo de evolução das Relações Laborais.
Já outros tantos assumiram sem culpa: “Sou chefe mesmo, posso até tentar mudar... Mas, só eu sou chato? Funcionário chato: também existe. Você não vai falar deles também?”.
Sim, vamos falar deles e nas próximas edições de muitos outros Aspectos das Relações Laborais baseados também na Psicologia Laboral que é uma das ferramentas da Ergonomia que possui grande impacto principalmente no controle e prevenção de Doenças Ocupacionais e nos permite alcançar o conceito mais amplo da finalidade da Ergonomia que é Salvaguardar a Saúde Psicofisiológica do ser humano.
Falemos então dos famigerados Funcionários Chatos.
A nós seres humanos muitas vezes nos parece que ter o poder nas mãos até nos dá um certo direito de ser chatos, o que é uma inverdade.
Quando não está envolvido o poder, “o ser chato” pode demonstrar uma conseqüência de nossa personalidade ou estória de vida, como também um mecanismo de defesa: - Se sou chato ninguém me atormenta e se afasta de mim...
Se o indivíduo está passando por algum tipo de crise interior, este pode apenas ser um mecanismo de defesa temporário. Se não existe crise, então ele pode ser um “chato de carreira”.
Para quem tem ainda alguma dificuldade de identificar este tipo de comportamento seguem algumas dicas.
Em geral, existe uma certa dose de pessimismo e até de certa revolta em pessoas com este tipo de característica.
Quem nunca teve um colega de trabalho que quando você chega de manhã e diz um alegre e sonoro: - BOM DIA! Te responde: - Só se for prá você!
Existem ainda aqueles que para tudo o que se propõe, para tudo que se quer inovar respondem: - Isto não vai dar certo! Ou ainda: - Sou contra! E, quando você lhe pergunta porque, ele não sabe lhe responder, mas... continua sendo contra.
E também existe aquele que parece o personagem de desenho animado que está sempre dizendo: “- Ó dia... ó vida... ó azar...” ou que se percebe que quando chega tem como “uma nuvenzinha escura sobre a cabeça” que o acompanha a todo lugar.
Temos que estar sempre cientes de que convivemos todo o tempo, seja no trabalho ou em sociedade com diversos tipos de personalidade, estórias de vida, cultura e pessoas que nem sempre estão bem emotivamente e/ou psicologicamente.
Se analisarmos friamente, no que toca às relações humanas em nossa vida, viver em sociedade seria até fácil. Conclui-se que as pessoas complicam suas vidas, criam “monstros” que não existem, porém, como acreditam neles, estes passam a ser reais para elas. As pessoas estão a todo o tempo preocupadas que o outro possa prejudicá-lo ou tomar-lhe algo. Isto faz parte de uma involução da espécie humana gerada pelos mecanismos de defesa que são utilizados para se viver nas sociedades extremamente materialistas onde, se busca cada vez mais o TER e não o SER e tudo pode acabar parecendo muito vazio.
Percebo isto, quando falo em público e digo que falta amor no mundo e vejo “um montão” de gente chorar na platéia. Porque ainda não nos demos conta de que somos realmente todos iguais? Apenas temos diferenças hierárquicas sociais dentro do “organograma da vida” e amanhã acabaremos todos no mesmo lugar: vamos todos “empacotar e acabar virando pó”.
A vida é composta de bons e maus momentos, crescemos quando sabemos enfrentar os maus momentos e superá-los e quando aproveitamos ao máximo os bons momentos teremos maiores condições de deixar de “ser chatos”.
A nós os “não chatos no momento” (porque qualquer um pode ESTAR chato ou SE TORNAR um chato num segundo) cabe contribuir e ajudar os “chatos” a evoluir.
Ás vezes nos falta utilizar um mecanismo valioso chamado Empatia: colocar-se no lugar do outro e tentar entender e sentir como entende e sente o outro. Daí pode-se aplicar o mais eficiente instrumento de solução para problemas de convivência entre os seres humanos: o diálogo.
Sinto que em termos de relacionamento humano em qualquer esfera, ainda temos muito que crescer. Que tal começar já? Assim amanhã quando estivermos com mais idade, não sermos obrigados a concluir tristemente que: “Não vivemos a vida, apenas passamos por ela”.
Faça sua parte: ajude um chato hoje para que ele possa se tornar um grande colaborador amanhã, afinal: potencial para isto, nos dois casos, qualquer ser humano tem!
e-mail: ergonomia@sylviavolpi.com.br
site: www.sylviavolpi.com.br
Divulgação e reprodução autorizados desde que mencionado o autor e a fonte.