HSBC
recebe multa de US$ 1,92 bi da Justiça americana
Por Carrick Mollenkamp e Brett Wolf |
Reuters
Gulliver, do HSBC: "Aceitamos a responsabilidade por erros do passado"
O HSBC
concordou em pagar uma multa recorde de US$ 1,92 bilhão para por fim a uma
investigação que vem sendo conduzida há vários anos por promotores americanos,
que acusaram o maior banco da Europa de não cumprir regras destinadas a impedir
a lavagem de dinheiro ilícito.
O HSBC
Holdings admitiu uma falha nos controles e pediu desculpas ontem em um
comunicado, anunciando que chegou a um acordo de adiamento de execução com o
Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
O acordo
foi firmado um dia depois que seu concorrente britânico Standard Chartered
concordou em pagar US$ 327 milhões, como parte de um acerto com agências
americanas fiscalizadoras, por violações a sanções - um pacto que se segue a um
acordo de US$ 340 milhões firmado pelo banco com a autoridade reguladora do
setor bancário de Nova York em agosto.
"Aceitamos
a responsabilidade por nossos erros do passado. Já dissemos que lamentamos muito
por eles e estamos fazendo isso novamente. O HSBC de hoje é essencialmente uma
organização diferente daquela que cometeu esses erros", disse o
diretor-presidente do HSBC, Stuart Gulliver. "Nos últimos dois anos, sob uma
nova cúpula administrativa, adotamos medidas concretas para consertar o que
estava errado e participar ativamente com as autoridades do governo no
esclarecimento e resolução desses problemas."
O acordo
de adiamento de execução, que deve ser detalhado por funcionários do
Departamento de Justiça americano, poderá apresentar novas informações sobre a
falha do HSBC no policiamento de transações ligadas ao México, disseram fontes a
par do assunto.
Os
detalhes desses negócios foram revelados no terceiro trimestre em uma ampla
investigação feita pelo senado americano. A comissão do senado responsável por ela alegou que o
HSBC não exerceu os controles elaborados para impedir a lavagem de dinheiro por
traficantes de drogas, terroristas e esquemas de sonegação fiscal, ao atuar como
financiador de clientes que despacharam dinheiro de países como México, Irã e
Síria.
O banco
não conseguiu monitorar adequadamente US$ 15 bilhões em grandes transações
feitas com dinheiro vivo entre a metade de 2006 e a metade de
2009.
Ontem o
HSBC disse que também espera chegar a um acordo com a Financial Services Authority (FSA), a autoridade reguladora do
mercado financeiro do Reino Unido, que não quis fazer comentários sobre o
caso.
O HSBC
disse que aumentou os investimentos em sistemas contra a lavagem de dinheiro em
cerca de nove vezes entre 2009 e 2011, desfez laços comerciais e cortou
bonificações para os executivos da cúpula. Também citou a contratação, em
janeiro, de Stuart Levey, um ex-funcionário graduado do Departamento do Tesouro
dos EUA, para o cargo de diretor legal, como sinal de sua determinação em
mudar.
Bancos
europeus e americanos já têm agora acordos com as autoridades reguladoras
americanas que somam US$ 5 bilhões nos últimos anos, para se livrarem de
acusações de violação de sanções impostas pelos EUA e por não terem impedido
transações ilícitas.
Entretanto,
nenhum banco, ou executivo de banco, foi indiciado, uma vez que os promotores
preferiram partir para os acordos de adiamento de execução - sob os quais as
acusações criminais contra uma firma são abandonadas se ela concordar com
condições como o pagamento de multas e a mudança de
comportamento.
Esta foi
a terceira vez em uma década em que o HSBC acabou penalizado por apresentar
controles frouxos. Ordens das autoridades reguladoras para a melhoria da
supervisão ocorreram em 2003 e novamente em 2010.
Sob um
acordo de cinco anos com o Departamento de Justiça, o HSBC concordou em ter um
monitor independente avaliando seu progresso na melhoria de seu sistema de
conformidade.
O banco
também disse que, como parte da reorganização de seus controles, lançou uma
revisão global do procedimento "Conheça seus Clientes", que custará cerca de US$
700 milhões em cinco anos. O procedimento tem como objetivo evitar que os bancos
atuem inconscientemente como canais para dinheiro sujo.
Acordos
como esse têm se tornado comuns. Naquele que era o maior deles até a semana
passada, o ING Bank concordou em pagar US$ 619 milhões em junho para por um fim
a alegações do governo dos EUA de que violou sanções contra países como Cuba e
Irã.
Entre
outros bancos que chegaram a acordos envolvendo violação de sanções estão o
Crédit Suisse Group da Suíça, o Lloyds Banking Group e o Barclays do Reino
Unido, e o ABN AMRO, o banco holandês comprado pelo Royal Bank of Scotland. Nos
Estados Unidos, J.P. Morgan Chase, Wachovia Corp. e Citigroup foram citados por
lapsos na prevenção de lavagem de dinheiro ou violação de
sanções.
Fonte: Valor
Econômico