quarta-feira, 31 de julho de 2013


Análise: Resultado dos grandes bancos privados de varejo é invejável

MARCELO D'AGOSTO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Apesar da queda da receita total em relação ao semestre anterior e dos prejuízos contabilizados devido à desvalorização dos títulos públicos mantidos em carteira, o lucro dos grandes bancos privados nos primeiros seis meses de 2013 foi convincente.
A última linha do balanço do Itaú Unibanco apresentou ganhos de R$ 7,1 bilhões, o Bradesco lucrou R$ 5,9 bilhões e o Santander conseguiu resultado de R$ 3,2 bilhões.
O retorno anualizado sobre o patrimônio foi de dois dígitos, mesmo com as instituições mantendo grau de alavancagem --a relação entre ativos totais e capital próprio-- relativamente baixo. Foi um ótimo retorno com risco controlado.
Mesmo com todas as turbulências econômicas e políticas, os grandes bancos brasileiros continuam sendo uma azeitada máquina de gerar lucros.
Os mais pessimistas, no entanto, visualizam problemas à frente. O ritmo de expansão do crédito começa a diminuir, a possibilidade de a economia brasileira desacelerar pode aumentar os riscos de inadimplência dos empréstimos concedidos e as pesquisas revelam consumidores cada vez mais inclinados a quitar as dívidas do que a comprometer o orçamento com a aquisição de novos produtos e serviços.
Enquanto o pior cenário ainda parecia distante, os bancos aproveitaram a oportunidade para aumentar as receitas com a prestação de serviços relacionados à manutenção de contas correntes e comissões sobre o uso de cartões de crédito. Além de mostrarem crescimento expressivo, os itens continuam representando parcela significativa da receita líquida total das instituições.
Para os correntistas, sinal de que é sempre possível negociar tarifas.
CDB
A tônica do semestre foi a redução do estoque dos CDBs (Certificados de Depósitos Bancários), tradicionais instrumentos de captação de recursos, e o crescimento dos resgates nos produtos de previdência complementar, especialmente os planos do tipo VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre).
Em contrapartida, os depósitos em caderneta de poupança mostraram aumento.
Os grandes bancos brasileiros continuam com gestão eficiente e hábeis nos ajustes para tirar proveito das mudanças de cenário para manter o patamar dos lucros.
MARCELO D'AGOSTO é economista e consultor de valores mobiliários registrado na CVM



Federação dos Bancários de SP e MS