Análise: Resultado dos
grandes bancos privados de varejo é invejável
MARCELO
D'AGOSTO ESPECIAL PARA A FOLHA
Apesar da queda da receita total em relação ao
semestre anterior e dos prejuízos contabilizados devido à desvalorização dos
títulos públicos mantidos em carteira, o lucro dos grandes bancos privados nos
primeiros seis meses de 2013 foi convincente.
A última linha do balanço do Itaú Unibanco
apresentou ganhos de R$ 7,1 bilhões, o Bradesco lucrou R$ 5,9 bilhões e o Santander conseguiu resultado de R$ 3,2 bilhões.
O retorno anualizado sobre o patrimônio foi de
dois dígitos, mesmo com as instituições mantendo grau de alavancagem --a relação
entre ativos totais e capital próprio-- relativamente baixo. Foi um ótimo
retorno com risco controlado.
Mesmo com todas as turbulências econômicas e
políticas, os grandes bancos brasileiros continuam sendo uma azeitada máquina de
gerar lucros.
Os mais pessimistas, no entanto, visualizam
problemas à frente. O ritmo de expansão do crédito começa a diminuir, a
possibilidade de a economia brasileira desacelerar pode aumentar os riscos de
inadimplência dos empréstimos concedidos e as pesquisas revelam consumidores
cada vez mais inclinados a quitar as dívidas do que a comprometer o orçamento
com a aquisição de novos produtos e serviços.
Enquanto o pior cenário ainda parecia distante,
os bancos aproveitaram a oportunidade para aumentar as receitas com a prestação
de serviços relacionados à manutenção de contas correntes e comissões sobre o
uso de cartões de crédito. Além de mostrarem crescimento expressivo, os itens
continuam representando parcela significativa da receita líquida total das
instituições.
Para os correntistas, sinal de que é sempre
possível negociar tarifas.
CDB
A tônica do semestre foi a redução do estoque
dos CDBs (Certificados de Depósitos Bancários), tradicionais instrumentos de
captação de recursos, e o crescimento dos resgates nos produtos de previdência
complementar, especialmente os planos do tipo VGBL (Vida Gerador de Benefício
Livre).
Em contrapartida, os depósitos em caderneta de
poupança mostraram aumento.
Os grandes bancos brasileiros continuam com
gestão eficiente e hábeis nos ajustes para tirar proveito das mudanças de
cenário para manter o patamar dos lucros.
MARCELO
D'AGOSTO é
economista e consultor de valores mobiliários registrado na
CVM
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Federação
dos Bancários de SP e MS