quinta-feira, 8 de maio de 2014

Lucro do BB cresce 4,7%, para R$ 2,7 bi
Provisão para calotes sobe 28,7% no trimestre, mas inadimplência cai, a exemplo do que ocorreu em outros bancos
Carteira de crédito sobe 18%; aumento de despesas com provisão para calotes impede avanço maior do lucro
MARIANA BARBOS
AANDERSON FIGODE
FOLHA DE S.PAULO
Maior banco brasileiro, o Banco do Brasil lucrou R$ 2,678 bilhões no 1º trimestre, 4,7% a mais que no mesmo período do ano passado.
O lucro líquido ajustado (que exclui reservas legais e contingências) caiu 9,3%, para R$ 2,436 bilhões, abaixo das estimativas do mercado.
O resultado reflete o aumento das provisões para calotes --28,7% na comparação anual-- e o aumento das despesas administrativas, que subiram 9,7% (acima da meta de 5% a 8% de alta estabelecida pelo banco para o ano), alcançando R$ 7,75 bilhões no trimestre.
O BB também viu a sua receita com tarifas de conta-corrente recuar 5,2% no trimestre, na comparação com igual período de 2013. Considerando todos os segmentos, a renda com tarifas cresceu 6,6% no mesmo período --abaixo da meta de expansão projetada pelo banco para o ano, entre 9% e 12%.
Segundo o diretor de relação com investidores do Banco do Brasil, Ivan de Souza Monteiro, a queda nas receitas com tarifas de conta-corrente reflete a nova política de pacotes adotada pelo banco, colocando apenas os padronizados por norma do Banco Central à disposição.
"Os pacotes padronizados dão mais transparência ao cliente e acreditamos que, no médio e no longo prazo, isso vai gerar retorno para o banco, pois levará a uma maior fidelização."
CRÉDITO
O banco apresentou expansão de 18% nos financiamentos na comparação anual, totalizando R$ 699,3 bilhões ao final de março --21,1% do mercado de crédito nacional--, à frente de Itaú Unibanco (R$ 508,246 bilhões), Bradesco (R$ 432,297 bilhões) e Santander (R$ 275,245 bilhões).
De acordo com Monteiro, o crescimento da carteira foi puxado pelo aumento no crédito agrícola e dos empréstimos imobiliários (88% em 12 meses).
Na visão de André Riva, analista do GBM (Grupo Bursátil Mexicano), o BB "vem sofrendo com a queda no nível do spread', que passou para 4,1% no primeiro trimestre, e a desaceleração do nível de concessão de crédito". O "spread" é a diferença entre a taxa de juros que os bancos pagam pelos recursos e a que cobram de seus clientes nas operações de crédito.
CALOTES
A inadimplência acima de 90 dias do banco encerrou março em 1,97%, queda de 0,3 ponto percentual sobre a taxa apurada no primeiro trimestre do ano passado e ligeiramente menor que o 1,98% de dezembro.
A redução no nível de calotes também foi registrada pelos maiores bancos privados no país nos três primeiros meses do ano.
Apesar da inadimplência menor, o BB elevou as despesas com provisões para calote para R$ 4,19 bilhões --aumento de 27,8%.
Com provisões menores para calotes, Bradesco e Itaú tiveram altas mais expressivas de lucro no trimestre. Para Monteiro, as provisões e a taxa de inadimplência devem se manter estáveis ou cair nos próximos trimestres.
Na avaliação de Riva, o aumento da provisão não se deu em razão de perspectiva de mais calotes. "O movimento, na minha visão, está mais ligado ao nível de crescimento dos financiamentos nos últimos trimestres", afirmou.




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