Dia do Bancário: 64 anos comemorando lutas e
superações
O dia 28 de agosto é dia de cumprimentar o
trabalhador bancário, um profissional dedicado, perseverante, ousado e,
sobretudo, corajoso, um lutador incansável, com senso de justiça e que trabalha
duro, muitas vezes submetido a condições de trabalho inadequadas.
Enfrenta pressões, metas altíssimas, é exposto à
violência urbana, sujeito a jornadas extensas, pois os patrões são hábeis no
desenvolvimento de “soluções” para ampliar a jornada de trabalho fixada
em 6h, e adoece. No verão, são inúmeras as paralisações de agências por
sindicatos, obrigados a intervirem para evitar que o bancário seja exposto
também às altas temperaturas, quando ar-condicionados param de funcionar e a
ventilação do local é insuficiente para garantir um ambiente saudável. O avanço
tecnológico, que por um lado, representa um importante aliado para a sociedade,
para estes trabalhadores tem se tornado fator de preocupação, diante de
investimentos maciços que os empregadores têm feito, buscando maximizar lucros
cortando postos de trabalhos.
Trabalham em um dos ramos mais estressantes. No
entanto, formam uma das categorias mais organizadas do país. Não à toa,
estiveram presentes em mobilizações históricas, participaram e participam
ativamente de importantes momentos da história da democracia brasileira.
O dia da comemoração, 28 de agosto, nasceu de um
destes momentos. Uma greve em 1951, convocada pelos bancários paulistas e
motivada por uma negociação marcada pelo desrespeito e desvalorização do
trabalhador bancário, que em resposta às suas reivindicações, recebeu uma
contraproposta acintosa, que não apenas negava o atendimento de suas demandas,
como ainda ameaçava cortar direitos. A greve se estendeu por 69 dias, os
trabalhadores enfrentaram repressão por parte do governo, mas o episódio terminou,
felizmente, com a vitória do movimento sindical bancário, que obteve um
reajuste 31%.
Em 1985, o movimento bancário nacional deu novas
demonstrações de sua capacidade de organização e mobilização. No dia 31 de
agosto, após o encerramento do Encontro Nacional dos Bancários, no ginásio do
Guarani Futebol Clube, em Campinas, 10 mil bancários saíram em passeata rumo ao
Largo do Rosário, localizado no Centro da cidade. Neste encontro, que em breve
vai completar 30 anos, aprovamos a greve nacional que parou o sistema
financeiro nos dias 11 e 12 de setembro daquele ano.
De lá para cá, foram inúmeras as lutas travadas ano
após ano, buscando tornar o exercício da função de bancário, que é de extrema
relevância para a sociedade, cada vez mais um trabalho decente, no sentido de
valorizar este profissional e eliminar ao máximo, os entraves que ainda fazem
com que seja um trabalho precário em muitos aspectos.
Sinto um orgulho enorme da história do movimento
sindical bancário e de ter participado de episódios importantíssimos, como o da
greve 1985, entre tantas batalhas em prol da melhoria das condições de trabalho
para a categoria bancária que tive a oportunidade de integrar nestes mais de 40
anos de ingresso no setor.
Apesar de enfrentar tantas adversidades, inclusive
neste ano, marcado por uma crise econômica bastante séria, por ameaças de
demissões e de redução de direitos, o trabalhador bancário se mantém firme e
confiante, lutando até o último instante para fazer valerem seus direitos.
Por todos estes motivos e muitos outros que não
foram abordados, além das reflexões necessárias, o dia 28 de agosto é um dia de
muita comemoração.
Parabéns a todas as bancárias e bancários!
Davi Zaia – Presidente da Federação dos Bancários
de São Paulo e Mato Grosso do Sul (FEEB-SP/MS) e Deputado Estadual (PPS-SP).