Em 1999, quando a CVC abriu sua primeira loja no Shopping Plaza Sul, na capital paulista, encontrou espaço em uma minguada alameda de serviços, ao lado de um caixa eletrônico e um pet shop. Pouco mais de uma década depois, a agência ganhou os corredores mais nobres dos principais shoppings centers do país, nos quais instalou 297 das suas 712 lojas. "A diferença é que a oferta de serviços passou a ser olhada de uma forma diferente na composição do mix dos shoppings e os próprios operadores entenderam que era preciso adaptar seus negócios ao perfil de cada mall", afirma Roberto Vertemati, 39 anos, diretor de expansão da CVC. "Nós transformamos o jeito de vender pacotes de viagens, as ofertas compõem a vitrine da loja, convidando o cliente a entrar."
Outro ponto destacado pelo executivo é que 70% das decisões de compra de viagens para a família é das mulheres, as principais frequentadoras de shoppings pela segurança, conveniência e maior facilidade de estacionamento. "Era essencial estar presentes onde elas gostam de circular, com uma maior flexibilidade de horários, facilitando a vida de quem trabalha fora", diz Vertemati. Os resultados foram tão positivos que hoje a CVC planeja sua expansão na cadência da abertura dos novos centros comerciais em cidades de médio porte no interior do país.
Assim como as agências de viagem, muitos prestadores de serviço encontraram nos shopping centers um canal de expansão. De lavanderia a agência dos Correios, passando por sapataria, ateliê de costura, conserto de computadores, salão de beleza, agências de viagem e até financeiras fazem parte do grupo de lojistas. Atualmente, o segmento de serviços ocupa em média 4% da Área Bruta Locável (ABL).
"Assim como o mix do varejo de produtos, o conjunto de serviços também deve ser determinado com base em pesquisas de oferta e demanda na região e em seu em torno", afirma Luiz Goes, sócio-senior da consultoria GS&MD-Gouveia de Souza. "A expansão dessas ofertas é decorrente da mudança de comportamento dos consumidores, inclusive os da nova classe média, que buscam a facilidade de resolver a vida em um único endereço, com estacionamento, segurança e variedade de ofertas."
Em pesquisas internas realizadas em shoppigns centers geridos pela administradora Lumine, 14% dos clientes declaram que vão aos shoppings em busca de serviços. "O Shopping Uai Céu Azul, em Belo Horizonte, teve um aumento de 40% no tráfego de pessoas com a chegada de uma lotérica na alameda de serviços", revela Weverton Luiz Jorge, diretor executivo da UAI. "Como não havia nenhuma unidade da Caixa Econômica num raio de 5 km, a lotérica funcionou como posto bancário e aumentou o movimento do shopping." Hoje, as lotéricas operam em 70% dos 419 shoppings do país.
Concentrados na maioria das vezes em uma alameda instalada em áreas menos nobres dos shoppings, os prestadores de serviço pagam aluguéis menos salgados que os demais lojistas, porém ainda considerados altos quando comparados a pontos de rua. Para os administradores de shoppings, é certo que a cada ano cresce a participação dos serviços no mix dos centros de compra. "Hoje, o que se pratica é o conceito de shopping completo, com uma ampla oferta de serviços", diz Hélcio Povoa, diretor-presidente da AD Shopping.
A percepção de que a praticidade e a demanda dos serviços é cada vez maior levou a Damha Urbanizadora a integrar aos seus projetos de condomínios de alto padrão malls com uma oferta de 14 a 22 lojas, a maioria de serviços, para atender não só os moradores, mas a região.
Fonte: Valor Econômico