BC
lista 19 bancos estrangeiros na fila para entrar no
Brasil
Por Mônica Izaguirre | De
Brasília
Marques,
do BC: "Processos levam o tempo necessário para que a decisão possa ser tomada
em bases sólidas e seguras'
Existem
19 instituições estrangeiras interessadas em entrar no sistema financeiro do
Brasil, afirmou ao Valor, Sidnei Correa
Marques, diretor do Banco Central (BC) responsável pela área de autorização de
novas empresas. A conta inclui os pedidos em análise e aqueles que ainda devem
ser protocolados, mas cujo interesse pelo mercado brasileiro já foi manifestado
em conversas com diretores do BC.
Os
interessados são de 15 países diferentes, entre eles Estados Unidos, Japão,
Alemanha, Itália, Holanda e China. Em princípio, todos querem constituir
subsidiárias em vez de entrar no país adquirindo instituições existentes. Em dez
casos, "na maioria de instituições sistemicamente importantes em nível global",
a intenção é montar aqui um banco múltiplo ou comercial.
No atual
cargo desde março de 2011, mas funcionário antigo da BC, Sidnei disse não
lembrar de ter visto lista tão grande de pretendentes nos últimos anos. "O
número está acima da média", destacou o diretor sem revelar nomes nem qual seria
a média.
Como
parâmetro de comparação, ele lembrou que de 2010 até agora, período em que
nenhum pedido teria sido negado, o BC autorizou a criação de nove novas
instituições de controle estrangeiro e obteve do Palácio do Planalto decreto
abrindo caminho para a constituição de outras quatro, o que dá um total de 13 em
pouco mais de três anos.
O
diretor considera como já atendidos e, portanto, fora dos 19 apontados, esses
quatro processos cuja autorização formal do BC é iminente porque já foram objeto
de decreto da presidente Dilma Rousseff reconhecendo o pleito como de interesse
do governo brasileiro. Tal reconhecimento é exigido pela Constituição Federal,
vem antes da autorização formal de funcionamento, mas só é concedido depois que
o BC, na condição de autoridade de supervisão bancária, se mostra favorável ao
pedido da instituição.
Entre os
19 também não estão pedidos que logo de início o BC costuma rejeitar, antes
mesmo da formalização. O diretor revela que a política, nesses casos, é
convencer o interessado a sequer formalizar a intenção de ingresso no país. Com
isso, embora já tenha acontecido, "é raríssimo" o BC reprovar algum pedido
formal, disse ele.
Questionado
se a atual lista de pleiteantes não estaria "maior que a normal" por causa de
alguma demora na análise das demandas, Sidnei respondeu que não. O tempo da
decisão do BC varia muito conforme o plano de negócios de cada um e, levando
isso em consideração, tem sido normal, assegurou.
"O
sistema financeiro é estratégico em qualquer país. Os processos tomam o tempo
necessário para que a decisão possa ser tomada em bases sólidas e seguras",
disse ele, evitando falar sobre o caso do UBS. O banco suíço, que já esteve
anteriormente no Brasil, esperou mais de dois anos para conseguir autorização do
governo para voltar ao país - é um dos quatro casos já com decreto
favorável.
Marques
acredita que o aumento do interesse dos estrangeiros em entrar no Brasil não tem
relação com a crise internacional de liquidez que abalou bancos de diversas
partes do mundo e que se desdobrou na desaceleração da economia mundial. "A
crise já tem cinco anos e esse aumento de interesse é recente",
disse.
O
diretor avalia que o fenômeno está mais ligado à melhora da visão sobre o Brasil
do que à piora do cenário em países ricos. "O Brasil representa grande
oportunidade de negócios para essas instituições por vários fatores: mercado
consumidor amplo e em crescimento; economia estável e crescendo de forma
sustentável; sistema financeiro sólido e aderente às melhores práticas
internacionais; economia aberta com comércio internacional diversificado;
oportunidades de investimento em infraestrutura; fortalecimento do mercado de
capitais; e instituições democráticas e estáveis", entre
outros.
A
maioria dos estrangeiros que quer constituir novos bancos está de olho na
clientela de pessoas jurídicas principalmente. Muitos querem vir porque empresas
clientes em outros países já vieram ou pretendem investir aqui. A intenção dos
estrangeiros não é só atuar em crédito. É também atuar fortemente em operações
de mercado de capitais, acrescentou o diretor.
O BC
leva em consideração, na sua análise, uma série de questões além do óbvio e em
princípio saudável aumento de concorrência. Conforme Marques, os quesitos
incluem entrada de novas tecnologias; fomento ao comércio internacional; acesso
a investidores externos; visibilidade da economia brasileira; ampliação de
fontes de financiamento de longo prazo para o setor de infraestrutura; e maior
integração do SFN ao sistema financeiro global. Também são consideradas a
avaliação feita pelo supervisor do país de origem sobre a instituição
interessada e a qualidade dessa supervisão bancária.
Fonte:
Valor Econômico
25/03/2013
às 08h53
Mercado
reduz aposta para inflação e vê juro maior em 2013, diz
Focus
Por Ana Conceição | Valor
Econômico
SÃO
PAULO - Analistas
de mercado elevaram suas estimativas para a inflação em março, mas voltaram a
reduzir suas projeções para o acumulado do ano.
Ao mesmo
tempo, a previsão para a taxa básica de juros também tornou a subir, de acordo
com o boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central, que
apura estimativas junto a cerca de cem instituições.
A
mediana das apostas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)
cedeu, pela segunda semana consecutiva, de 5,73% para 5,71%. Para a inflação em
12 meses, a mediana recuou de 5,45% para 5,42%.
O Focus
também mostra que os analistas agora esperam uma inflação mais salgada em março.
As estimativas saíram de 0,45% para 0,50%. Mas para abril, a projeção caiu de
0,46% para 0,40.
Na
sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
informou que o IPCA-15 de março – prévia da
inflação oficial - subiu 0,49%, abaixo da média de 0,54% apurada pelo Valor
Data. Em 12 meses, o indicador acumula alta de
6,43%.
No Focus
de hoje, os analistas ajustaram a estimativa da inflação em 2014 de 5,54% para
5,60%.
Selic em
alta
A queda
nas estimativas do mercado para a inflação vem acompanhada de um aumento na taxa
de juros este ano. Pela terceira semana consecutiva eles elevaram a aposta para
a Selic, desta vez de 8,25% para 8,50%. O mercado estima que o juro permanecerá
nesse nível até o fim de 2014. Há quatro semanas, a expectativa era de que o
juro encerrasse 2013 onde está, em 7,25%.
Na
sexta-feira, o presidente do Banco Central,
Alexandre Tombini, sancionou, em discurso na Câmara de Comércio
França-Brasil, o aperto monetário embutido na curva de juros
futuros.
"Não
resta dúvida de que a comunicação é parte importante do processo de condução da
política monetária. O ajuste da mensagem do BC, por si só, já determinou
mudanças nas condições financeiras de modo geral."
Na
quinta-feira, o Banco Central divulgará o relatório trimestral de inflação. O
documento é esperado por analistas como fonte de informação capaz de manter ou
alterar o quadro de apostas para o juro.
PIB mais
fraco
Os
analistas de mercado voltaram a reduzir suas estimativas para o crescimento da
economia brasileira em 2013. A mediana das projeções o Produto Interno Bruto
(PIB) caíram de 3,03% para 3%. Para 2014, a aposta seguiu em
3,50%.
Os
analistas não mexeram na projeção para o aumento da produção industrial, que
seguiu em 3% neste ano, mas reduziram um pouco suas estimativas para 2014, de 4%
para 3,95%.
Dados
divulgados na semana passada seguiram mostrando retomada ainda gradual da
economia. O Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (Caged) mostrou criação de 123.446 mil empregos em
fevereiro, mais que os 98,6 mil esperados, mas menos que os 150 mil
do mesmo período em 2012.
Apesar
disso, os indicadores de confiança da indústria mostraram um otimismo menos
acentuado, o que gera dúvidas sobre o ímpeto da recuperação. É o caso do índice
confiança medido pela CNI, que caiu para 57,1 pontos, mais baixa para meses de
março desde 2010. O medido pela FGV também recuou, 2,3%, na leitura preliminar
de março.