segunda-feira, 25 de março de 2013


BC lista 19 bancos estrangeiros na fila para entrar no Brasil


Por Mônica Izaguirre | De Brasília

Marques, do BC: "Processos levam o tempo necessário para que a decisão possa ser tomada em bases sólidas e seguras'

Existem 19 instituições estrangeiras interessadas em entrar no sistema financeiro do Brasil, afirmou ao Valor, Sidnei Correa Marques, diretor do Banco Central (BC) responsável pela área de autorização de novas empresas. A conta inclui os pedidos em análise e aqueles que ainda devem ser protocolados, mas cujo interesse pelo mercado brasileiro já foi manifestado em conversas com diretores do BC.
Os interessados são de 15 países diferentes, entre eles Estados Unidos, Japão, Alemanha, Itália, Holanda e China. Em princípio, todos querem constituir subsidiárias em vez de entrar no país adquirindo instituições existentes. Em dez casos, "na maioria de instituições sistemicamente importantes em nível global", a intenção é montar aqui um banco múltiplo ou comercial.
No atual cargo desde março de 2011, mas funcionário antigo da BC, Sidnei disse não lembrar de ter visto lista tão grande de pretendentes nos últimos anos. "O número está acima da média", destacou o diretor sem revelar nomes nem qual seria a média.
Como parâmetro de comparação, ele lembrou que de 2010 até agora, período em que nenhum pedido teria sido negado, o BC autorizou a criação de nove novas instituições de controle estrangeiro e obteve do Palácio do Planalto decreto abrindo caminho para a constituição de outras quatro, o que dá um total de 13 em pouco mais de três anos.
O diretor considera como já atendidos e, portanto, fora dos 19 apontados, esses quatro processos cuja autorização formal do BC é iminente porque já foram objeto de decreto da presidente Dilma Rousseff reconhecendo o pleito como de interesse do governo brasileiro. Tal reconhecimento é exigido pela Constituição Federal, vem antes da autorização formal de funcionamento, mas só é concedido depois que o BC, na condição de autoridade de supervisão bancária, se mostra favorável ao pedido da instituição.
Entre os 19 também não estão pedidos que logo de início o BC costuma rejeitar, antes mesmo da formalização. O diretor revela que a política, nesses casos, é convencer o interessado a sequer formalizar a intenção de ingresso no país. Com isso, embora já tenha acontecido, "é raríssimo" o BC reprovar algum pedido formal, disse ele.
Questionado se a atual lista de pleiteantes não estaria "maior que a normal" por causa de alguma demora na análise das demandas, Sidnei respondeu que não. O tempo da decisão do BC varia muito conforme o plano de negócios de cada um e, levando isso em consideração, tem sido normal, assegurou.
"O sistema financeiro é estratégico em qualquer país. Os processos tomam o tempo necessário para que a decisão possa ser tomada em bases sólidas e seguras", disse ele, evitando falar sobre o caso do UBS. O banco suíço, que já esteve anteriormente no Brasil, esperou mais de dois anos para conseguir autorização do governo para voltar ao país - é um dos quatro casos já com decreto favorável.
Marques acredita que o aumento do interesse dos estrangeiros em entrar no Brasil não tem relação com a crise internacional de liquidez que abalou bancos de diversas partes do mundo e que se desdobrou na desaceleração da economia mundial. "A crise já tem cinco anos e esse aumento de interesse é recente", disse.
O diretor avalia que o fenômeno está mais ligado à melhora da visão sobre o Brasil do que à piora do cenário em países ricos. "O Brasil representa grande oportunidade de negócios para essas instituições por vários fatores: mercado consumidor amplo e em crescimento; economia estável e crescendo de forma sustentável; sistema financeiro sólido e aderente às melhores práticas internacionais; economia aberta com comércio internacional diversificado; oportunidades de investimento em infraestrutura; fortalecimento do mercado de capitais; e instituições democráticas e estáveis", entre outros.
A maioria dos estrangeiros que quer constituir novos bancos está de olho na clientela de pessoas jurídicas principalmente. Muitos querem vir porque empresas clientes em outros países já vieram ou pretendem investir aqui. A intenção dos estrangeiros não é só atuar em crédito. É também atuar fortemente em operações de mercado de capitais, acrescentou o diretor.
O BC leva em consideração, na sua análise, uma série de questões além do óbvio e em princípio saudável aumento de concorrência. Conforme Marques, os quesitos incluem entrada de novas tecnologias; fomento ao comércio internacional; acesso a investidores externos; visibilidade da economia brasileira; ampliação de fontes de financiamento de longo prazo para o setor de infraestrutura; e maior integração do SFN ao sistema financeiro global. Também são consideradas a avaliação feita pelo supervisor do país de origem sobre a instituição interessada e a qualidade dessa supervisão bancária.
Fonte: Valor Econômico


25/03/2013 às 08h53

Mercado reduz aposta para inflação e vê juro maior em 2013, diz Focus


Por Ana Conceição | Valor Econômico

SÃO PAULO - Analistas de mercado elevaram suas estimativas para a inflação em março, mas voltaram a reduzir suas projeções para o acumulado do ano.
Ao mesmo tempo, a previsão para a taxa básica de juros também tornou a subir, de acordo com o boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo  Banco Central, que apura estimativas junto a cerca de cem instituições.
A mediana das apostas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cedeu, pela segunda semana consecutiva, de 5,73% para 5,71%. Para a inflação em 12 meses, a mediana recuou de 5,45% para 5,42%.
O Focus também mostra que os analistas agora esperam uma inflação mais salgada em março. As estimativas saíram de 0,45% para 0,50%. Mas para abril, a projeção caiu de 0,46% para 0,40.
Na sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA-15 de março – prévia da inflação oficial - subiu 0,49%, abaixo da média de 0,54% apurada pelo Valor Data. Em 12 meses, o indicador acumula alta de 6,43%.
No Focus de hoje, os analistas ajustaram a estimativa da inflação em 2014 de 5,54% para 5,60%.
Selic em alta
A queda nas estimativas do mercado para a inflação vem acompanhada de um aumento na taxa de juros este ano. Pela terceira semana consecutiva eles elevaram a aposta para a Selic, desta vez de 8,25% para 8,50%. O mercado estima que o juro permanecerá nesse nível até o fim de 2014. Há quatro semanas, a expectativa era de que o juro encerrasse 2013 onde está, em 7,25%.
Na sexta-feira, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, sancionou, em discurso na Câmara de Comércio França-Brasil, o aperto monetário embutido na curva de juros futuros.
"Não resta dúvida de que a comunicação é parte importante do processo de condução da política monetária. O ajuste da mensagem do BC, por si só, já determinou mudanças nas condições financeiras de modo geral."
Na quinta-feira, o Banco Central divulgará o relatório trimestral de inflação. O documento é esperado por analistas como fonte de informação capaz de manter ou alterar o quadro de apostas para o juro.
PIB mais fraco
Os analistas de mercado voltaram a reduzir suas estimativas para o crescimento da economia brasileira em 2013. A mediana das projeções o Produto Interno Bruto (PIB) caíram de 3,03% para 3%. Para 2014, a aposta seguiu em 3,50%.
Os analistas não mexeram na projeção para o aumento da produção industrial, que seguiu em 3% neste ano, mas reduziram um pouco suas estimativas para 2014, de 4% para 3,95%.
Dados divulgados na semana passada seguiram mostrando retomada ainda gradual da economia. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrou criação de 123.446 mil empregos em fevereiro, mais que os 98,6 mil esperados, mas menos que os 150 mil do mesmo período em 2012.
Apesar disso, os indicadores de confiança da indústria mostraram um otimismo menos acentuado, o que gera dúvidas sobre o ímpeto da recuperação. É o caso do índice confiança medido pela CNI, que caiu para 57,1 pontos, mais baixa para meses de março desde 2010. O medido pela FGV também recuou, 2,3%, na leitura preliminar de março.

Federação dos Bancários de SP e MS
www.feeb-spms.org.br