É a maior manifestação da categoria dos últimos anos, se confirma a estratégia dos banqueiros de discriminar as populações de baixa renda, ao se aproveitar da greve para induzi-las a serem atendidas pelos correspondentes bancários.
Apenas 43% dos brasileiros adultos são bancarizados, como apontou o estudo da Felaban (Federação Latino-Americana de Bancos). Dito de outra forma: é preciso bancarizar 57% da população, composta, sobretudo, pela baixa renda.Mas para bancarizar esse enorme contingente de população os banqueiros brasileiros deveriam investir em mais agências e na contratação de mais pessoal. E, principalmente, negociar com responsabilidade as reivindicações salariais dos bancários. Preferem, infelizmente, excluir as populações de baixa renda que chegam ao mercado de consumo, com a renda ampliada pelas recentes políticas econômicas.A indiferença dos banqueiros em não negociar com os bancários, em manter uma proposta de reajuste de apenas 8%, que é uma provocação diante dos lucros de aproximadamente 30 bilhões de reais no primeiro semestre, se explica pela exclusão sistemática dos correntistas populares do sistema bancário.Para os correntistas da base da pirâmide, os aposentados e pensionistas, sobram apenas os correspondentes bancários. Uma improvisação que joga para fora do sistema financeiro grandes contingentes de brasileiros que se tornam, assim, correntistas de segunda classe.Vamos aproveitar o movimento grevista para discutir além dos reajustes que a categoria reivindica, de 12,8%, um relacionamento mais responsável entre a sociedade civil e os governos com os bancos que operam no Brasil.Não aceitamos que se criem correntistas de segunda classe para reforçar os lucros astronômicos dos bancos que só ocorrem no Brasil. A ponto de os banqueiros se sentirem, aqui, os senhores do universo, e agirem como se os bancos não tivessem funções sociais e a responsabilidade de garantir, com transparência e igualdade, independente do nível de renda dos cidadãos, acesso ao sistema financeiro.E o que mais nos preocupa é o Banco do Brasil e a Caixa, bancos públicos, terem adotado as mesmas estratégias e posicionamentos dos banqueiros privados, ditadas pela Federação dos Bancos (Fenaban).
Fonte: Seeb-Franca